
Brasília — InkDesign News — Até o final de 2025, o Brasil deve registrar 635.706 médicos em atividade, o que representa uma média de 2,98 profissionais por mil habitantes, segundo dados do estudo Demografia Médica 2025, lançado em 30 de abril. Pela primeira vez na história, as mulheres passam a ser maioria entre os médicos atuantes no país, com 50,9% do total.
Contexto e objetivos
A crescente demanda por serviços de saúde no Brasil impulsiona o acompanhamento da formação e distribuição dos médicos no território nacional. O estudo Demografia Médica 2025, conduzido pelo departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB), tem como objetivo mapear a evolução do perfil médico brasileiro, incluindo especialidades, gênero e distribuição geográfica. O levantamento busca orientar políticas públicas para melhorar a assistência e cobrir desigualdades no acesso aos profissionais de saúde.
Metodologia e resultados
A pesquisa utiliza dados nacionais e internacionais, como registros da Comissão Nacional de Residência Médica, do Ministério da Educação, e de sociedades médicas vinculadas à AMB. Com metodologia longitudinal e projeções para 2025 e 2035, o estudo mostra que o Brasil ainda permanece abaixo da recomendação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que indica pelo menos 3,7 médicos por mil habitantes, enquanto o Brasil deve alcançar apenas 2,98 em 2025. A projeção para 2035 estima que o número de médicos ativos ultrapasse 1,1 milhão, atingindo uma média de 5,2 por mil habitantes.
Além disso, o levantamento revela desigualdades significativas na distribuição: 48 cidades com mais de 500 mil habitantes concentram 31% da população e 58% dos médicos, enquanto 4.895 cidades com menos de 50 mil habitantes, que também detêm 31% da população, contam com apenas 8% dos médicos. “A pesquisa indica que as vagas de residência médica não acompanham a graduação – em 2024, cerca de 8% dos médicos do país cursavam algum programa de residência médica em 2024.”
A pesquisa indica que as vagas de residência médica não acompanham a graduação – em 2024, cerca de 8% dos médicos do país cursavam algum programa de residência médica em 2024.
— Demografia Médica 2025, USP e AMB
Outro dado relevante aponta que 59,1% dos médicos são especialistas, esmagando a média dos generalistas, 40,9%. As mulheres agora dominam a formação médica e a presença em especialidades como dermatologia (80,6%) e pediatria (76,8%).
Implicações para a saúde pública
O aumento da força de trabalho médica, aliado ao crescimento do percentual feminino, pode favorecer a cobertura assistencial e a diversidade de atenção à saúde. No entanto, a concentração desigual de médicos entre grandes centros e pequenas cidades evidencia desafios logísticos para a oferta de serviços em áreas mais remotas. A insuficiência de vagas em residências médicas limita a especialização e o aprimoramento profissional dos médicos recém-formados, podendo afetar a qualidade do atendimento em médio prazo.
“O levantamento mostra que 48 cidades com mais de 500 mil habitantes concentram 31% da população brasileira e 58% dos médicos,”
— Demografia Médica 2025, USP e AMB
Para mitigar essas disparidades, é recomendada a expansão e descentralização de programas de residência médica, além da reformulação de políticas que incentive a fixação de médicos em regiões com baixa densidade profissional. A distribuição geográfica mais equânime pode contribuir para a redução das desigualdades no acesso a serviços de saúde no Brasil.
O estudo também orienta a continuidade do monitoramento do contingente médico e a análise das necessidades populacionais, visando alinhar o crescimento da graduação com a oferta de especializações e readequar a formação médica às demandas epidemiológicas emergentes.
Fonte: (Agência Brasil – Saúde)