
São Paulo — InkDesign News — O Bradesco registrou lucro líquido recorrente de R$ 5,86 bilhões no primeiro trimestre de 2025, representando crescimento de 39,3% em relação ao mesmo período de 2024. O avanço decorre do contexto desafiador de inflação e juros elevados que influencia o cenário econômico e o desempenho das instituições financeiras.
Panorama econômico
O cenário global e nacional permanece influenciado pela alta dos juros, inflação persistente e desaceleração do PIB. Em resposta, o Banco Central do Brasil mantém uma postura cautelosa na política monetária, elevando a taxa de juros para 14,75% ao ano, buscando conter pressões inflacionárias. No âmbito fiscal, as instituições financeiras ajustam suas estratégias, privilegiando operações com menor risco e maior seletividade na concessão de crédito, cenário em que o Bradesco demonstrou resiliência e crescimento consistente.
Indicadores e análises
O resultado positivo do banco no período foi impulsionado pelo crescimento da carteira de crédito, que atingiu R$ 1 trilhão, alta de 12,9% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior. As operações voltadas para pessoas jurídicas avançaram 18,7%, contribuindo significativamente para a rentabilidade.
A inadimplência da carteira de empréstimos, medida por atrasos superiores a 90 dias, caiu para 4,1%, contra 5,0% registrado em março de 2024. No segmento de pessoas físicas, a taxa de calote também recuou, de 5,5% para 5,1% no mesmo intervalo.
As despesas com provisões contra devedores duvidosos (PDD) somaram R$ 7,64 bilhões, redução de 2,2% em termos anuais, enquanto a margem financeira líquida cresceu 30,6%, atingindo R$ 9,59 bilhões graças à combinação de maior margem bruta e menor provisão.
Adicionalmente, as despesas administrativas do banco registraram queda de 4%, totalizando R$ 5,26 bilhões no trimestre. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) alcançou 14,4%, apresentando um aumento de 4,2 pontos percentuais em um ano.
Áreas estratégicas como cartões de crédito e banco de investimento registraram crescimento expressivo nas receitas, com destaque para alta anual de 16,1% e 76,1%, respectivamente.
Em seguros, segmento que responde por parcela relevante dos resultados do banco, o lucro líquido recorrente subiu 25,3%, para R$ 2,44 bilhões, impulsionado pela arrecadação de prêmios e melhoria nos índices de sinistralidade.
Impactos e previsões
A estratégia conservadora do Bradesco diante da desaceleração econômica tem contribuído para a manutenção da qualidade da carteira de crédito e para a ampliação da rentabilidade. Conforme o presidente Marcelo Noronha,
“No primeiro trimestre do ano, o crescimento das receitas foi a principal razão de melhora da nossa rentabilidade, e esse deve ser o padrão deste ano.”
(“In the first quarter of the year, revenue growth was the main reason for improved profitability, and this should be the pattern for this year.”)— Marcelo Noronha, Presidente do Bradesco
Observa-se ainda que o banco reduziu o apetite ao risco e priorizou créditos com garantias, mesmo frente a um cenário econômico desaquecido. Esta postura deve continuar a norteá-lo nos próximos trimestres, mantendo o foco no retorno ajustado ao risco (RAR) das operações e na expansão dos canais digitais.
“Mostramos a tração que temos em todos os segmentos de clientes e canais digitais. Nossa margem líquida cresceu. Continuamos focados no RAR (retorno ajustado ao risco) das operações.”
(“We have shown the traction we have across all customer segments and digital channels. Our net margin has grown. We remain focused on the RAR (risk-adjusted return) of operations.”)— Marcelo Noronha, Presidente do Bradesco
O desempenho do Bradesco reflete a capacidade de adaptação frente a variáveis macroeconômicas como inflação, juros e retração do consumo, apontando para um ambiente competitivo em que a qualidade do crédito e a eficiência operacional são fatores cruciais.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)