
São Paulo — InkDesign News — O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na quarta-feira (7) a elevação da taxa Selic para 14,75% ao ano, mantendo a postura contracionista para conter a inflação em meio a um consumo familiar ainda elevado e elevada rotatividade no emprego formal.
Panorama econômico
O ajuste na taxa básica de juros ocorre em um contexto global de políticas monetárias mais restritivas, em busca do controle da inflação. No Brasil, a elevação da Selic em 0,5 ponto percentual sinaliza uma desaceleração no ritmo de aumento iniciado em ciclos anteriores. A medida visa desacelerar a atividade econômica para conter pressões inflacionárias, especialmente em um momento em que o consumo das famílias permanece elevado, mesmo com o custo do crédito mais alto. A política do Banco Central se alinha a esforços para garantir que a inflação retorne aos níveis considerados compatíveis com o equilíbrio econômico.
Indicadores e análises
Dados recentes do Caged, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, indicam uma taxa de rotatividade no emprego formal de 9,2% em março, número que revela que aproximadamente um em cada dez trabalhadores formais teve vínculo ativado ou encerrado no período. Em comparação, a rotatividade era de 6,8% em janeiro de 2020, antes da pandemia, indicando uma maior movimentação no mercado de trabalho formal. Este cenário contribui para a manutenção da inflação pressionada, apesar dos esforços do Banco Central. Marcela Kawauti, economista-chefe da Lifetime Investimentos, analisa que:
“Quanto mais aquecida a economia, maior a tendência de troca no emprego. Num cenário de pouca mão de obra, isso faz com que a empresa tope pagar salários mais altos e, depois, repasse o custo para o consumidor”
(“The more heated the economy, the greater the tendency for job turnover. In a scenario with limited labor, companies agree to pay higher wages and then pass the cost onto consumers.”)— Marcela Kawauti, Economista-chefe, Lifetime Investimentos
Impactos e previsões
A elevada rotatividade e o consumo aquecido criam um ambiente propício para pressões inflacionárias persistentes, dificultando o controle da alta dos preços mesmo com juros elevados. A economista-chefe da Lifetime sugere que a saída para este impasse reside no aumento da produtividade do trabalho, que permitiria um equilíbrio entre mercado de trabalho ativo e inflação controlada. Ela destaca:
“É o aumento da produtividade que vai garantir ao trabalhador que a vantagem seja duradoura”
(“It is the increase in productivity that will ensure the worker that the advantage is lasting.”)— Marcela Kawauti, Economista-chefe, Lifetime Investimentos
Além disso, a demanda por formação e qualificação do capital humano surge como instrumento para elevar a produtividade e mitigar o impacto dos custos salariais no preço ao consumidor. O cenário exige atenção em futuras decisões do Banco Central e avaliações contínuas sobre o comportamento dos indicadores econômicos.
A continuidade ou ajuste da política monetária dependerá da evolução da inflação, do mercado de trabalho e do consumo, com perspectivas de novos desdobramentos para os próximos meses.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)