
São Paulo — InkDesign News — Cientistas do Wellcome Sanger Institute e do Institut de Biologia Evolutiva, na Espanha, revelaram que o genoma da borboleta Atlas blue (Polyommatus atlantica) possui 227 pares de autossomos e quatro cromossomos sexuais, um número inédito entre os animais multicelulares.
Contexto da descoberta
A borboleta Atlas blue, encontrada nas cadeias montanhosas do Marrocos e nordeste da Argélia, já era suspeita de ter a maior quantidade de pares de cromossomos do reino animal. No entanto, a sequenciação do seu genoma foi a primeira a confirmar essa hipótese. Em contrapartida, um parente próximo, a borboleta comum (Polyommatus icarus), possui apenas 24 cromossomos.
Métodos e resultados
A pesquisa foi liderada pelo Professor Mark Blaxter, que destacou o papel crucial dos genomas na compreensão do passado e futuro das espécies. Os pesquisadores observaram que os cromossomos da borboleta estavam fragmentados em locais onde o DNA é menos compactado, resultando em uma quantidade semelhante de informação genética, mas organizada em partes menores. Eles estimam que essa modificação fez o número de cromossomos saltar de 24 para 229 em um período de aproximadamente três milhões de anos.
“Genomas detêm a chave de como uma criatura se formou e para onde pode ir no futuro”
(“Genomes hold the key to how a creature came to be, but also, where it might go in the future.”)— Professor Mark Blaxter, Wellcome Sanger Institute
Embora se considere que alterações extremas no número de cromossomos têm efeitos negativos, a borboleta Atlas blue sobreviveu por milhões de anos. Atualmente, no entanto, suas populações enfrentam ameaças devido às mudanças climáticas e impactos humanos, como a destruição de florestas de cedro e o sobrepastoreio.
Implicações e próximos passos
A pesquisa levanta questões sobre os efeitos da fragmentação dos cromossomos na diversidade genética e adaptação. Essa estrutura cromossômica pode permitir uma maior troca de partes do genoma, mas também apresenta desafios adicionais, tornando as espécies com muitos cromossomos mais suscetíveis à extinção. Análises futuras com outras borboletas poderão elucidar gêneros que podem ter sido perdidos ou preservados, oferecendo uma visão mais profunda sobre a biologia dessas criaturas e a evolução em geral.
“A ruptura dos cromossomos foi vista em outras espécies de borboletas, mas nunca nesse nível, sugerindo razões importantes para esse processo que agora podemos investigar”
(“Breaking down chromosomes has been seen in other species of butterflies, but not on this level, suggesting that there are important reasons for this process which we can now start to explore.”)— Dr. Roger Vila, Institut de Biologia Evolutiva
Estudar como esses cromossomos foram adaptados ao longo do tempo poderá revelar benefícios ou impactos na sustentabilidade dessas espécies e oferecer insights que podem auxiliar na conservação futura.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)