Ilhas Canárias — InkDesign News — Imagens recém-divulgadas do cometa interestelar 3I/ATLAS, capturadas em agosto de 2024 pelo Telescópio Gêmeo de Dois Metros (TTT) do Observatório de Teide, nas Ilhas Canárias, revelam o objeto expelindo um gigantesco jato de gás e poeira em direção ao Sol. O fenômeno foi observado durante o período em que o cometa, descoberto em junho e confirmado pela NASA em julho, se aproximava do periélio, seu ponto mais próximo do Sol.
O Contexto da Pesquisa
O cometa 3I/ATLAS representa apenas o terceiro objeto interestelar já identificado pelo homem atravessando o Sistema Solar, destacando-se também como o maior e provavelmente o mais antigo dessa categoria, com diâmetro estimado entre 5 e 11 quilômetros. De origem ainda desconhecida, o cometa teria se formado bilhões de anos antes do nascimento do Sol, possivelmente numa região periférica da Via Láctea.
As novas imagens reforçam a natureza natural do objeto, contrariando alegações controversas de que o corpo celeste poderia ser uma sonda alienígena. Pesquisadores de diversas instituições, incluindo o Observatório de Teide e o Light Bridges, seguem a linha majoritária que enxerga no 3I/ATLAS um comportamento típico de cometa. O objeto já havia despertado grande interesse científico ao ser monitorado por telescópios espaciais como James Webb e Hubble, especialmente pelo seu padrão de emissão de jatos.
Resultados e Metodologia
O estudo utilizou um composto de 159 exposições de 50 segundos cada, produzindo uma imagem que evidencia o núcleo negro do cometa cercado por uma aura brilhante. Uma ruptura abrupta em formato de leque indica o potente jato detectado, projetado em direção ao Sol, sugerindo emissão de material a alta velocidade.
Segundo o astrofísico Miquel Serra-Ricart, chefe científico do Light Bridges, tais jatos são comuns e ocorrem quando “o lado voltado para o Sol aquece mais rapidamente, fazendo com que gases sublimados escapem de pontos frágeis na superfície do cometa, formando verdadeiros gêiseres cometários.”
“Jets are pointing to [the] sunward direction and [the] comet’s tail in the anti-solar direction.”
(“Jets apontam na direção do Sol e a cauda do cometa na direção oposta ao Sol.”)— Miquel Serra-Ricart, Astrofísico, Observatório de Teide
Estima-se que o jato recém-identificado alcance até 10 mil quilômetros, sendo composto majoritariamente por poeira e dióxido de carbono, elementos compatíveis com composições anteriores detectadas pelo telescópio James Webb no cometa.
Implicações e Próximos Passos
A análise sugere que fenômenos como o registrado em 3I/ATLAS não diferem do que já foi observado em outros cometas, como NEOWISE, que também exibiu jatos em leque após sua passagem próxima ao Sol, segundo registros do Hubble em 2020.
“This is the usual.”
(“Isso é o habitual.”)— Miquel Serra-Ricart, Astrofísico, Observatório de Teide
Ainda não está claro a extensão total do jato, mas sua atividade será novamente monitorada quando o cometa reaparecer em meados de novembro, após completar sua passagem pelo lado oposto do Sol.
A comunidade científica avalia que a observação detalhada de cometas interestelares é uma oportunidade rara para estudar a composição e evolução de corpos formados em ambientes distintos do Sistema Solar, o que pode trazer novas pistas sobre a história primitiva da Via Láctea e dos processos químicos que precederam a formação da Terra.
No horizonte, estão previstas novas campanhas de observação após o periélio, com destaque para o monitoramento das mudanças no jato e na cauda do cometa. Os achados poderão não apenas aprofundar o entendimento sobre corpos interestelares, mas também refinar técnicas de detecção e análise utilizadas em astronomia de transientes.
Fonte: (Live Science – Ciência)





