Astrônomos registram auroras em planeta sem estrela, diz pesquisa

Dublin — InkDesign News — Pesquisadores do Trinity College Dublin realizaram um estudo inédito sobre a atmosfera do planeta errante SIMP-0136, utilizando o Telescópio Espacial James Webb, e documentaram, pela primeira vez, medições precisas de seu clima e impressionante atividade semelhante à aurora boreal. O artigo científico foi publicado recentemente na revista Astronomy & Astrophysics.
O Contexto da Pesquisa
O interesse científico por planetas errantes — objetos que vagam pelo espaço sem orbitar uma estrela específica — cresce paralelamente ao avanço na observação de exoplanetas. Entre os desafios, está entender como se formam e como suas atmosferas evoluem, uma vez que apresentam dinâmicas distintas de planetas do nosso Sistema Solar. Medidas precisas desses ambientes extremos são raras e essenciais para aprimorar modelos climáticos aplicados a outros mundos.
Resultados e Metodologia
A equipe analisou minuciosas variações no brilho de SIMP-0136, possibilitadas pela alta sensibilidade dos instrumentos do JWST. A técnica permitiu rastrear mudanças de temperatura, cobertura de nuvens e composição química enquanto o planeta rotacionava, além de identificar forte atividade auroral, fenômeno comparável à aurora boreal terrestre ou à intensa aurora observada em Júpiter.
“Essas são algumas das medições mais precisas da atmosfera de qualquer objeto extra-solar até hoje, e a primeira vez que mudanças nas propriedades atmosféricas foram medidas diretamente.”
(“These are some of the most precise measurements of the atmosphere of any extra-solar object to date, and the first time that changes in the atmospheric properties have been directly measured.”)— Dr. Evert Nasedkin, Pesquisador de Pós-Doutorado, Trinity College Dublin
Apesar das temperaturas extremas, superiores a 1.500 °C, os pesquisadores registraram variações térmicas inferiores a 5 °C associadas a mudanças químicas e possíveis tempestades atmosféricas, semelhantes à Grande Mancha Vermelha de Júpiter. Surpreendentemente, não detectaram variações na cobertura de nuvens, formada por grãos de silicato — diferente de nuvens terrestres — indicando estabilidade inesperada, independente da rotação planetária.
“O trabalho mostra que, aplicando técnicas avançadas de modelagem a conjuntos de dados do JWST, podemos reunir processos que conduzem o clima em mundos além do nosso Sistema Solar.”
(“This work is exciting because it shows that by applying our state-of-the-art modelling techniques to cutting-edge datasets from JWST, we can begin to piece together the processes that drive weather in worlds beyond our solar system.”)— Prof. Johanna Vos, Trinity College Dublin
Implicações e Próximos Passos
A análise detalhada de SIMP-0136 aprimora a compreensão sobre atmosferas planetárias fora do Sistema Solar e fornece parâmetros valiosos para simulação climática em exoplanetas — um passo considerado essencial à medida que instrumentos como o Telescópio Extremamente Grande e o Observatório de Mundos Habitáveis ampliam a fronteira de descobertas para além de anãs marrons isoladas.
Especialistas creem que, com o avanço de observações espectroscópicas, será possível desvendar a dinâmica atmosférica não apenas de gigantes gasosos, mas também de mundos rochosos potencialmente habitáveis. O estudo impulsiona futuras missões e investigações dedicadas a caracterizar atmosferas planetárias e entender a diversidade de processos meteorológicos cósmicos.
Com novos telescópios, espera-se expandir o conhecimento das condições e fenômenos em exoplanetas, abrindo caminho para identificar ambientes aptos à vida e consolidar a exoplanetologia como campo de destaque da astrofísica contemporânea.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)