Astrônomos identificam ponte entre galáxias anãs, mostra pesquisa
Perth — InkDesign News — Astrônomos australianos identificaram uma colossal ponte de gás quase invisível, com extensão equivalente ao dobro da largura da Via Láctea, conectando dois distantes pares de galáxias anãs. A descoberta, publicada em setembro de 2023, revela também uma cauda galáctica recorde de mais de 1,6 milhão de anos-luz, batendo o recorde global anterior para tais estruturas.
O Contexto da Pesquisa
O estudo focou nas pequenas galáxias NGC 4532 e DDO 137, localizadas há cerca de 53 milhões de anos-luz da Terra, próximas à periferia do aglomerado de Virgem, uma estrutura que reúne mais de mil galáxias. Tal configuração remete à relação das vizinhas Grande e Pequena Nuvens de Magalhães, que orbitam a Via Láctea, porém, ao contrário destas, NGC 4532 e DDO 137 não pertencem a nenhum sistema galáctico maior. Desde 2022, a equipe utiliza o radiotelescópio Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP), no âmbito do grande levantamento WALLABY, para mapear o céu do hemisfério sul e detectar novas estruturas em gás neutro.
Resultados e Metodologia
A análise criteriosa dos dados do ASKAP permitiu identificar uma ponte gasosa de cerca de 185 mil anos-luz entre as duas galáxias anãs, formando um traço quase retilíneo, rico em hidrogênio neutro — componente essencial para o nascimento de estrelas. Atrás da ponte, tendrils de gás menos densos culminam em uma cauda impressionante, estendendo-se por 1,6 milhão de anos-luz, superando o recorde anterior descoberto em 2023.
“O hidrogênio neutro desempenha um papel crucial na formação de estrelas, tornando essa descoberta fundamental para entender como as galáxias interagem e evoluem, particularmente em ambientes densos.”
(“Neutral hydrogen plays a crucial role in the formation of stars, making this finding fundamental to understanding how galaxies interact and evolve, particularly in dense environments.”)— Kenji Bekki, astrofísico, Universidade da Austrália Ocidental/ICRAR
De acordo com os pesquisadores, a ponte teria surgido após uma passagem próxima há mais de um bilhão de anos — um ‘quase encontro’ que, sem causar fusão, levou à transferência de grandes volumes de gás por forças de maré. A extrema extensão da cauda seria resultado da pressão de arraste exercida ao atravessarem o gás superaquecido do aglomerado de Virgem, em temperaturas 200 vezes maiores do que a superfície solar.
“O processo é análogo ao aquecimento atmosférico durante a reentrada de satélites na alta atmosfera da Terra, mas aqui se deu ao longo de um bilhão de anos,”
(“The process is akin to atmospheric burn-up when a satellite re-enters the Earth’s upper atmosphere, but has extended over a period of a billion years,”)— Lister Staveley-Smith, astrônomo, Universidade da Austrália Ocidental/ICRAR
Implicações e Próximos Passos
O achado pode elucidar mecanismos de transformação de galáxias, mostrando como as interações dinâmicas e o ambiente externo influenciam sua morfologia e história de formação estelar. Ao analisar pontes e caudas em galáxias anãs, os cientistas vislumbram compreender a redistribuição do gás galáctico e as razões pelas quais alguns sistemas formam estrelas enquanto outros não prosperam.
Segundo Staveley-Smith, estudos comparativos com as Nuvens de Magalhães poderão revelar diferenças evolucionárias entre galáxias anãs isoladas e aquelas sob a influência de grandes vizinhas.
O aprofundamento sobre tais estruturas — e a busca por entidades semelhantes em novos conjuntos de dados do ASKAP — pode sustentar uma base observacional rica para a astrofísica, ampliando o entendimento sobre formação e destino das galáxias no universo.
Fonte: (Live Science – Ciência)





