Astrônomos detectam enorme nuvem molecular perto do Sistema Solar

New Brunswick, EUA — InkDesign News — Pesquisadores descobriram uma nuvem molecular próxima ao Sistema Solar, utilizando uma técnica inédita baseada na emissão ultravioleta do hidrogênio molecular, o que pode transformar nosso entendimento do meio interestelar.
Contexto da descoberta
As nuvens moleculares são formadas por gás e poeira, principalmente hidrogênio, o elemento mais abundante no Universo e fundamental para a formação de estrelas e planetas. Tradicionalmente, essas estruturas são detectadas por observações em rádio e infravermelho que captam o monóxido de carbono, uma molécula acessória na composição dessas nuvens.
A descoberta foi feita por Blakesley Burkhart e sua equipe da Rutgers University-New Brunswick, que identificaram a nuvem molecular Eos diretamente pela fluorescência do hidrogênio molecular no ultravioleta distante, um método não explorado anteriormente. Localizada a cerca de 300 anos-luz da Terra, a nuvem Eos está situada na borda da Bolha Local, uma grande cavidade preenchida por gás onde o Sistema Solar reside.
Métodos e resultados
O uso do espectrógrafo FIMS-SPEAR, a bordo do satélite sul-coreano STSAT-1, possibilitou a detecção dos sinais ultravioleta do hidrogênio em fluorescência, revelando a nuvem Eos que brilha no escuro do espaço. Com uma extensão equivalente a aproximadamente 40 luas cheias no céu, a nuvem possui massa estimada em cerca de 3.400 vezes a do Sol.
A equipe utilizou modelos para prever que a nuvem irá evaporar em um prazo estimado de 6 milhões de anos. Essa abordagem ultravioleta representa um avanço em relação a métodos anteriores, que dependiam do monóxido de carbono, pois permite identificar nuvens que de outra forma permaneceriam invisíveis.
“Esta é a primeira nuvem molecular descoberta ao observar diretamente a emissão ultravioleta distante do hidrogênio molecular.”
(“This is the first-ever molecular cloud discovered by looking for far ultraviolet emission of molecular hydrogen directly.”)— Blakesley Burkhart, Astrofísica, Rutgers University-New Brunswick
Implicações e próximos passos
Por estar relativamente próxima, a nuvem Eos oferece uma oportunidade única para estudar a formação e a dissociação de nuvens moleculares, essenciais para a transformação do gás interestelar em estrelas e planetas. Conhecer esses processos em detalhes pode esclarecer os mecanismos básicos da evolução galáctica e da origem dos sistemas planetários.
“O uso da técnica de fluorescência ultravioleta pode reescrever nosso entendimento do meio interestelar, revelando nuvens ocultas por toda a galáxia e até os limites mais distantes do alvorecer cósmico.”
(“The use of the far ultraviolet fluorescence emission technique could rewrite our understanding of the interstellar medium, uncovering hidden clouds across the galaxy and even out to the furthest detectable limits of cosmic dawn.”)— Thavisha Dharmawardena, Astrônoma, Universidade de Nova Iorque
O estudo abre caminho para descobertas futuras que podem ampliar nosso conhecimento sobre as estruturas que antecedem a formação estelar. Além disso, o método pode ser aplicado para mapear outras nuvens moleculares próximas e distantes, aprofundando a análise do meio interestelar.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)