Astronomia revela planeta errante consumindo 6,6 bilhões de toneladas de poeira por segundo

Londres — InkDesign News — Uma equipe internacional de astrônomos observou um jovem proto-planeta errante, localizado a cerca de 620 anos-luz da Terra, consumindo aproximadamente 6,6 bilhões de toneladas de poeira e gás por segundo. A descoberta, realizada ao longo de meses com os telescópios VLT (do Observatório Europeu do Sul) e o James Webb, lança nova luz sobre o processo de formação desses misteriosos objetos cósmicos, classificados fora de sistemas estelares convencionais.
O Contexto da Pesquisa
O estudo foca no objeto Cha 1107-7626, residente na constelação Chamaeleon, que se destaca por crescer em isolamento, sem órbita ao redor de estrelas. Planetas normalmente se formam em torno de estrelas, mas a origem dos chamados planetas errantes permanece um tópico de debate científico. Os pesquisadores buscam elucidar se esses corpos se assemelham mais a estrelas de baixa massa ou seriam gigantes expelidos de seus sistemas natais.
“The origin of rogue planets remains an open question: are they the lowest-mass objects formed like stars, or giant planets ejected from their birth systems?”
(“A origem de planetas errantes permanece uma questão em aberto: seriam eles os objetos de menor massa formados como estrelas, ou gigantes gasosos ejetados de seus sistemas de origem?”)— Aleks Scholz, Astrônomo, Universidade de St. Andrews
Resultados e Metodologia
Cha 1107-7626 já possui de 5 a 10 vezes a massa de Júpiter, envolto por um disco de detritos que se acumula devido à gravidade, em um processo denominado acreção. Os dados revelaram que, em apenas alguns meses, a taxa de crescimento desse planeta aumentou oito vezes, atingindo níveis inéditos para objetos de massa planetária. Instrumentação avançada como o VLT e o James Webb permitiram monitoramento em tempo real desse evento, consolidando o registro do maior episódio de acreção já observado nesse contexto.
Além disso, medições do James Webb indicaram que o campo magnético do proto-planeta é fundamental para sua formação, assemelhando seu desenvolvimento ao de jovens estrelas comuns. Esta semelhança surpreende, sugerindo que tanto planetas errantes quanto estrelas passam por fases de crescimento turbulentas e envolvem discos de matéria ao redor de si.
“We’re struck by quite how much the infancy of free-floating planetary-mass objects resembles that of stars like the sun.”
(“Nos impressiona o quanto a infância de objetos de massa planetária livres no espaço se assemelha à de estrelas como o Sol.”)— Ray Jayawardhana, Astrônomo, Universidade Johns Hopkins
Implicações e Próximos Passos
A constatação de que a formação desses planetas se aproxima do modelo estelar desafia antigas suposições sobre processos planetários e pode rever hipóteses da astrofísica de formação de sistemas. Os próprios pesquisadores destacam que o crescimento dos planetas errantes é mais dinâmico e irregular do que se pensava.
Novos estudos pretendem analisar outros objetos errantes, avaliando padrões de acreção e propriedades magnéticas, o que pode fundamentar futuras propostas para detectar esses corpos e compreender melhor sua influência na evolução galáctica.
No horizonte, especialistas indicam que o aprofundamento nessa linha de investigação poderá redirecionar estratégias para busca de exoplanetas e potencialmente reclassificar aspectos-chave da teoria de formação planetária e estelar.
Fonte: (Popular Science – Ciência)