Astronomia investiga destino do asteroide que extinguiu dinossauros

Austin, Universidade do Texas — InkDesign News — Um estudo recente lança luz sobre o destino do asteroide que extinguiu os dinossauros há cerca de 66 milhões de anos, analisando detritos remanescentes e evidências do impacto catastrófico no que hoje é o México. A pesquisa revela não apenas a trajetória do asteroide, mas suas consequências globais na história da vida terrestre, utilizando dados de crateras, minerais e fragmentos raros encontrados em amostras geológicas.
O Contexto da Pesquisa
O fim do período Cretáceo marcou a quinta extinção em massa da Terra, durante a qual aproximadamente 75% das espécies desapareceram. Pesquisas anteriores já haviam estabelecido a ligação entre o impacto do asteroide de cerca de 12 km de diâmetro, viajando a 43.000 km/h, e o evento de extinção em massa, mas detalhes sobre o destino do objeto permaneceram especulativos. O estudo, liderado por cientistas da Universidade do Texas e colaboradores internacionais, soma-se à compreensão do evento ao rastrear fenômenos como a “anomalia do irídio” e os efeitos atmosféricos globais que se seguiram ao impacto.
Resultados e Metodologia
Após o impacto, a maior parte do asteroide vaporizou-se instantaneamente devido à energia equivalente a cerca de 8 bilhões de bombas nucleares da Segunda Guerra Mundial. O material resultante formou uma fina camada de poeira enriquecida em irídio, conhecida como anomalia do irídio, que pode ser encontrada em registros geológicos ao redor do mundo. Conforme explicou o geofísico da Universidade do Texas, Sean Gulick:
O asteroide basicamente se vaporiza, tornando-se um fino pó que acaba na alta atmosfera e chove sobre todo o planeta.
(“the asteroid basically vaporizes, becoming a fine dust that ends up in the upper atmosphere and rains down over the entire planet.”)— Sean Gulick, professor e co-diretor, Centro de Habitabilidade de Sistemas Planetários, Universidade do Texas em Austin
Estudos de núcleo perfurados em sedimentos próximos ao Havaí permitiram identificar um fragmento minúsculo do asteroide, com o tamanho de uma semente de gergelim, relatado por Frank Kyte, geoquímico da UCLA em 1998. Outras detecções de fragmentos recentes ainda aguardam revisão por pares. A cratera deixada pelo impacto, de cerca de 180 quilômetros de diâmetro e 20 quilômetros de profundidade, permanece parte submersa sob o Golfo do México, sendo indício inequívoco da violência do evento.
Além disso, evidências como tsunamis em escala planetária, megarrepresas submarinas preservadas sob a Louisiana e camadas de sílica comprovam a extensão dos fenômenos secundários após o impacto.
Implicações e Próximos Passos
O impacto do asteroide gerou uma cascata de eventos devastadores, incluindo incêndios globais, chuva ácida e o bloqueio da luz solar, levando à queda abrupta da fotossíntese e ao colapso das cadeias alimentares. O registro de irídio permanece a principal pista para conectar extinção e impacto, já que o mineral é raro na crosta terrestre, mas abundante em asteroides.
A expectativa dos pesquisadores é localizar fragmentos maiores do asteroide para aprofundar o entendimento sobre o processo de choque e as condições extremas do impacto, como ressaltou Gulick:
Teríamos que ter muita sorte para encontrar um fragmento maior.
(“We would have to get pretty lucky to find a larger chunk.”)— Sean Gulick, professor e co-diretor, Universidade do Texas em Austin
Especialistas acreditam que localizar tais fragmentos poderia transformar o conhecimento sobre os impactos cósmicos e suas consequências. Alan Hildebrand, da Universidade de Calgary, enfatiza a magnitude do evento:
A liberação de energia foi como travar uma guerra nuclear total repetidamente, 10.000 vezes.
(“The energy release was like fighting total nuclear war, over and over again, 10,000 times.”)— Alan Hildebrand, cientista planetário, Universidade de Calgary
O prosseguimento das investigações depende de avanços em geologia de impacto e perfuração em áreas associadas a depósitos da época.
No horizonte da pesquisa, permanece o desafio de encontrar novos vestígios do asteroide e desvendar detalhes cruciais das consequências ambientais em escala global – descobertas que poderão influenciar futuras estratégias de mitigação de riscos de impactos espaciais.
Fonte: (Live Science – Ciência)