
Contexto da descoberta
Os astrônomos têm se dedicado ao estudo de fluxos de gás ionizado, especialmente desde sua identificação pelo Observatório de Raio-X XMM-Newton da ESA em 2001. Esses fluxos são vistos como uma característica marcante dos núcleos galácticos ativos luminosos (AGN).
Métodos e resultados
Em um estudo realizado em 2014, os pesquisadores examinaram um buraco negro supermassivo na galáxia Seyfert PG1211+143, localizada a cerca de 1,2 bilhões de anos-luz na constelação de Coma Berenices. Utilizando o XMM-Newton, eles detectaram um inflow intrigante que adicionou pelo menos 10 massas terrestres à imediação do buraco negro, estabelecendo uma conexão com o anel de matéria que se acumulava ao redor deste.
Recentemente, uma nova análise revelou um fluxo poderoso alcançando 0,27 vezes a velocidade da luz, gerado dias após o inflow. Isso se deve à energia gravitacional liberada quando o anel de matéria é puxado para o buraco negro, aquecendo o material a várias milhões de graus. Essa pressão de radiação resulta na ejeção do excesso de material.
“Estabelecer o vínculo causal direto entre o inflow massivo e o resultado em outflow oferece a perspectiva fascinante de observar um buraco negro supermassivo crescer.”
(“Establishing the direct causal link between massive, transient inflow and the resulting outflow offers the fascinating prospect of watching a supermassive black hole grow.”)— Ken Pounds, Professor, Universidade de Leicester
Implicações e próximos passos
A descoberta não apenas elucida o processo de crescimento dos buracos negros, mas também sugere a capacidade de monitorar suas atividades através dos ventos relativísticos associados à acreção de nova matéria. Em pesquisas anteriores, a detecção de um outflow a 0,15c demonstrou poder para interromper a formação de estrelas na galáxia hospedeira, indicando a influência significativa que esses fenômenos têm no ambiente galáctico.
“Uma surpresa inicial foi detectar um outflow rápido, com velocidade de 15% da luz, e o poder para disruptar a formação de estrelas.”
(“An early surprise was detecting a fast-moving, counter-intuitive outflow, with a velocity 15% of light (0.15c), and the power to disrupt star formation.”)— Ken Pounds, Professor, Universidade de Leicester
Esse tipo de monitoramento pode abrir novas avenidas de pesquisa para entender melhor a dinâmica dos AGNs e seus efeitos nas galáxias em que residem, evidenciando a interconexão entre buracos negros e a evolução galáctica.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)