Antropólogo revela novo significado em altar maia de 1.300 anos

Denver — InkDesign News — Um estudo inovador publicado por um antropólogo linguístico da Metropolitan State University de Denver afirma que os maias utilizaram uma sofisticada “linguagem de sinais” registrada em um altar de aproximadamente 1.300 anos, cujos sinais poderiam representar datas significativas no Calendário Longo Maia. A descoberta reacende debates sobre os sistemas de escrita da civilização, tradicionalmente restritos aos hieróglifos, e sugere uma complexidade maior do que se pensava para o registro do tempo e eventos históricos.
O Contexto da Pesquisa
A pesquisa, conduzida por Rich Sandoval e publicada em março deste ano na revista Transactions of the Philological Society, analisou o Altar Q, uma peça retangular de pedra do final do século VIII, proveniente de Copán, Honduras. O altar apresenta 16 governantes esculpidos, cada um com posições de mão distintas, além de inscrições em hieróglifos. O consenso acadêmico, até então, era de que apenas a escrita hieroglífica compunha o sistema de registro maia — restando ainda centenas de símbolos indecifrados ou pouco compreendidos.
Resultados e Metodologia
Sandoval propôs que, além dos hieróglifos, sinais efetuados com as mãos dos governantes formariam um segundo sistema de escrita, funcionando de modo análogo à linguagem de sinais moderna e simbolizando datas do calendário maia. Examinando os gestos de cada governante e cruzando-os com os hieróglifos, o pesquisador identificou sinais que remetem a variações conhecidas do número zero, sugerindo a codificação de quatro datas importantes do Calendário Longo. Cada conjunto de sinais nos painéis leste, oeste, sul e norte do altar corresponderia a valores numéricos tradicionais do calendário.
“Almost anywhere you see [Maya] hieroglyphs, you see a figure, oftentimes in the middle, at least one figure, sometimes multiple figures, holding very unique hand forms.”
(“Praticamente em qualquer lugar que você veja hieróglifos [maias], há uma figura — muitas vezes ao centro —, pelo menos uma figura, às vezes várias, segurando formas manuais muito peculiares.”)— Rich Sandoval, Antropólogo Linguístico, Metropolitan State University of Denver
Sandoval não identificou datas do Calendário Longo nos hieróglifos do altar — fato incomum em registros reais —, levando-o a crer que os sinais manuais supriam essa função, desempenhando papel complementar e não meramente ilustrativo ao texto.
Implicações e Próximos Passos
A nova hipótese, porém, enfrenta ceticismo de parte da comunidade acadêmica. O arqueólogo Alexandre Tokovinine, especialista em epigrafia maia na Universidade do Alabama, expressou dúvidas quanto à abordagem:
“It looks very implausible. Visual and textual data appear manipulated to fit the author’s hypothesis.”
(“Parece muito implausível. Dados visuais e textuais parecem manipulados para encaixar na hipótese do autor.”)— Alexandre Tokovinine, Arqueólogo, University of Alabama
Ainda assim, Sandoval acredita que sua proposta — embasada por múltiplas linhas de evidência convergente — pode estimular futuras investigações sobre grafismos e sistemas de comunicação alternativos na escrita maia. Segundo ele, a identificação de um possível segundo sistema amplia as possibilidades de decifração de artefatos até então misteriosos.
Para os próximos anos, especialistas esperam que novas escavações e o uso de tecnologias digitais possam iluminar outras peças com registros similares, incentivando abordagens interdisciplinares que integrem linguística, arqueologia e semiótica. Independentemente da controvérsia, o estudo repercute pela ousadia em reexaminar fontes consagradas sob novas perspectivas, potencialmente reescrevendo paradigmas da história maia.
Fonte: (Live Science – Ciência)