
Brasília — InkDesign News —
O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado em 5 de maio de 2025, apresenta um panorama detalhado das habilidades de leitura, escrita, matemática e, pela primeira vez, o desempenho digital dos brasileiros, destacando a relação entre níveis de alfabetização e capacitação para o uso do ambiente digital.
Contexto educacional
O Inaf avalia uma amostra representativa da população brasileira entre 15 e 64 anos por meio de testes que classificam os entrevistados em cinco níveis de alfabetismo: analfabeto, rudimentar, elementar, intermediário e proficiente. Em sua mais recente edição, o estudo incorporou a análise do alfabetismo digital, aplicado por meio de tarefas realizadas em celulares, como a compra de um par de tênis via anúncio em rede social e o preenchimento de formulários online.
Os resultados indicam que, entre os analfabetos, 95% apresentam baixo desempenho no ambiente digital, restringindo-se a poucas atividades básicas. No nível elementar, 67% alcançam desempenho digital médio, enquanto 18% encontram dificuldades adicionais no uso das tecnologias. No nível proficiente, 60% apresentam alto desempenho digital, mas ainda há 37% com desempenho médio e 3% com baixo desempenho. Destaca-se que os jovens entre 20 e 29 anos lideram o desempenho digital mais elevado (38%), seguidos pelos de 15 a 19 anos (31%).
Políticas e iniciativas
A pesquisa, coordenada pela Ação Educativa e Conhecimento Social, contou com apoio da Fundação Itaú, Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unicef e Unesco. A inclusão do contexto digital no Inaf representa uma inovação pedagógica que reconhece a importância das habilidades digitais para a participação social e o acesso a serviços públicos.
Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório Fundação Itaú, destaca a necessidade de formação:
“Para mim, foi um alerta de que a gente vai precisar fazer formações para que as pessoas se apropriem dessas formas mais tecnológicas, porque o mundo está cada vez mais digital. A gente já acessa serviços digitais como Pix, como marcar uma consulta médica. Acessar inclusive os programas de transferência de renda, de carteira de trabalho, documentos, identidade. Então, tudo é por meio digital. Se uma pessoa não tem essa habilidade para poder minimamente ter esse acesso, a políticas públicas inclusive, então, é muito preocupante”
— Esmeralda Macana, Coordenadora do Observatório Fundação Itaú
Desafios e perspectivas
O Inaf evidencia que desigualdades educacionais se refletem na capacidade digital, ampliando desafios para inclusão e equidade. O coordenador da área de educação de jovens e adultos da Ação Educativa, Roberto Catelli, reforça que a solução não está apenas no letramento digital, mas na superação das barreiras de escolaridade:
“Acho que um uma constatação, mais do que uma descoberta, mas importante, é que não adianta a gente ficar achando que só o mundo digital vai ser a solução para todos. Ao contrário, na verdade, o que fica evidente é que as mesmas desigualdades para aqueles que não que têm baixa escolaridade se reproduzem no contexto digital, porque também são pessoas que vão ter menos acesso”
— Roberto Catelli, Coordenador de Educação de Jovens e Adultos, Ação Educativa
A análise aponta a urgência em ampliar o acesso equitativo às tecnologias e promover formação integral que englobe habilidades básicas, digitais e socioemocionais. O fortalecimento dessas competências é fundamental para a inclusão plena na sociedade digital e o exercício da cidadania.
Fonte: (Agência Brasil – Educação)