
São Paulo — InkDesign News — Em um marco importante para o futuro da internet, Matthew Prince, CEO da Cloudflare, expressou preocupações sobre um cenário distópico iminente relacionado à inteligência artificial (IA) e sua influência sobre os motores de busca tradicionais. Durante sua participação no WIRED’s Big Interview Podcast, Prince afirmou que a era dos motores de busca como principais interfaces da web já pode ter chegado ao fim.
“Agora, se você fizer uma busca, ela lhe dá uma resposta no topo da página. Não oferece um mapa do tesouro. Em vez disso, fornece o que eles chamam de Visão Geral da IA, que reuniu uma série de conteúdos, colidiu-os, resumiu-os de várias maneiras e os sintetizou,” diz Prince.
Contexto e lançamento
A mudança na dinâmica dos motores de busca e a ascensão das "máquinas de resposta" estão moldando um novo cenário digital. Historicamente, a busca na internet dependia de oferecer resultados que direcionassem os usuários a sites específicos, mas com a evolução da IA generativa, as respostas estão se tornando mais imediatas e centralizadas. Essa transformação não só altera a forma como informações são acessadas, mas também levanta questões sobre a sustentabilidade do conteúdo gerado por humanos.
Design e especificações
A IA, segundo Prince, não deve ser vista simplesmente como um motor de busca, mas como um "motor de resposta" que não impulsiona o tráfego de forma significativa. "Isso afeta aqueles que geram conteúdo, como jornalistas e pesquisadores, cuja remuneração depende da visitação", afirma. Essa nova configuração implica uma crescente dependência de um número reduzido de empresas de tecnologia que controlam a disseminação da informação, levantando preocupações sobre a diversidade de vozes e ideias na internet.
Repercussão e aplicações
Prince delineou três cenários futuros possíveis. A possibilidade de um “mundo de internet morta”, onde a criação de conteúdo está totalmente dominada por IA, é considerada improvável, dado que a IA precisa de conteúdo humano para funcionar. Contudo, ele sugere que uma “possibilidade do Black Mirror” é “assustadoramente provável”, onde criadores de conteúdo estarão subordinados a algumas grandes empresas de IA, reminiscentes das relações de patronagem do século XV.
Ele salienta que isso poderia levar a uma fragmentação ideológica da informação. “Haverá uma versão conservadora, uma liberal, uma chinesa e uma indiana,” prevê Prince. Essa divisão contrasta com a visão original da internet como um espaço de informação acessível e não filtrada, mas que agora corre o risco de se tornar um mosaico fragmentado de opiniões controladas.
“Este é um risco existencial para nós. Se a internet deixar de existir, o que restará para a Cloudflare fazer?”— Matthew Prince, CEO, Cloudflare
Prince acredita que a solução pode residir em criar escassez de conteúdo, permitindo que criadores bloqueiem robôs de IA de acessarem suas produções sem remuneração. Com processos legais já em andamento para proteger direitos autorais, essa abordagem pode redefinir a relação entre criadores de conteúdo e empresas de IA.
Em um futuro próximo, onde os motores de busca convencionais podem estar em declínio, a forma como o conteúdo é licenciado e consumido se tornará um foco central das indústrias de informação. A capacidade de tornar essa nova era vantajosa para criadores é um desafio urgente.
Fonte: (Gizmodo – Cultura Tech & Geek)