
São Paulo — InkDesign News — O uso da inteligência artificial na educação gera um debate acalorado, à medida que empresas de tecnologia buscam integrar ferramentas de aprendizado baseadas em machine learning nas salas de aula, prometendo personalização, agilidade no planejamento de aulas e correções mais rápidas.
Contexto da pesquisa
As empresas tecnológicas estão cada vez mais interessadas em posicionar a inteligência artificial como uma solução para os desafios educacionais. Recentemente, uma pesquisa da Escola de Educação da Universidade de Harvard revelou que adolescentes utilizam IA para explorar questões acadêmicas com mais liberdade, refletindo o potencial dessa tecnologia no ambiente escolar. Entretanto, o cenário é complexo, pois o mesmo levantamento indicou que muitos alunos também adotam a IA para enganar os sistemas de avaliação, levantando preocupações sobre a integridade acadêmica.
Método e resultados
A pesquisa mencionada foi baseada em questionários aplicados a 1.500 adolescentes, buscando entender suas interações com ferramentas como o ChatGPT. Os resultados mostraram que, ao mesmo tempo em que a IA facilita a discussão de tópicos que os estudantes temem abordar, ela também serve como um atalho perigoso para a cópia de respostas. Estudos adicionais sobre a implementação de tutores de IA em várias disciplinas, incluindo matemática na Nigéria e física em Harvard, demonstraram um aumento no engajamento dos alunos, embora ainda existam ressalvas sobre a adoção dessa tecnologia.
Implicações e próximos passos
As implicações do uso da inteligência artificial na educação são profundas, envolvendo questões éticas e práticas. Educadores, como Christopher Harris, têm desenvolvido currículos para promover a alfabetização em IA, abordando desde privacidade até desinformação. Harris destaca a necessidade de um currículo que ajude os alunos a reconhecer não somente os benefícios mas também os riscos associados ao uso da IA na sala de aula. Ele afirmou:
“Gostaria de ver uma ênfase maior em como discernir informações corretas e incorretas em ambientes digitais.”
(“I would like to see greater emphasis on how to discern correct and incorrect information in digital environments.”)— Christopher Harris, Educador
O alinhamento entre as iniciativas de empresas de tecnologia e as necessidades educacionais é crucial para garantir que a adoção dessas ferramentas beneficie verdadeiramente o aprendizado, sem comprometer a capacidade crítica dos estudantes. Falta evidência clara de que a inteligência artificial seja um benefício líquido para a educação, especialmente quando se considera o potencial de dependência dessas ferramentas por parte de alunos menos preparados.
Os próximos passos envolvem não apenas a implementação de treinamentos para educadores, mas também a avaliação contínua dos impactos das ferramentas de IA em práticas pedagógicas e resultados de aprendizagem.
Fonte: (MIT Technology Review – Artificial Intelligence)