
São Paulo — InkDesign News — A guerra comercial desencadeada pelos Estados Unidos gera benefícios limitados ao agronegócio brasileiro no curto prazo, mas abre possibilidades significativas para o médio e longo prazos, conforme análise feita nesta terça-feira (6) por André Pessôa, presidente da Agroconsult, durante um evento realizado em São Paulo.
Panorama econômico
Em meio a um cenário global de tensões comerciais, a política tarifária dos Estados Unidos, especialmente durante a administração Trump, tem abalado a confiança das nações parceiras, entre elas o Brasil. Apesar de Estados Unidos e Brasil serem grandes produtores e exportadores de commodities agropecuárias, nações como China e União Europeia passam a revisar suas estratégias comerciais para garantir o abastecimento alimentar, considerando a volatilidade do mercado americano.
As decisões de política monetária dos bancos centrais dos EUA e do Brasil, acompanhadas pela oscilação nas taxas de juros futuros, refletem um ambiente econômico sensível, que influencia diretamente os fluxos do comércio internacional e, consequentemente, o agronegócio.
Indicadores e análises
André Pessôa destacou que “os benefícios que a guerra comercial deflagrada pelos Estados Unidos trazem para o agronegócio do Brasil são ‘pequenos’ no curto prazo perto das oportunidades que podem vir em um horizonte mais longo” (“the benefits brought by the trade war triggered by the United States to Brazilian agribusiness are ‘small’ in the short term compared to the opportunities that may come in a longer horizon”).
A oportunidade reside na capacidade de acelerar movimentações comerciais e negociações paradas, incluindo acordos no âmbito do Mercosul. O interesse dos compradores internacionais em produtos agrícolas brasileiros mantém-se forte, independentemente da postura adotada pelo Brasil nos próximos meses.
“O que é mais importante é a oportunidade no médio e longo prazos, porque é inequívoco que a confiança nos americanos está abalada”
(“What matters most is the opportunity in the medium and long term, because it is unequivocal that confidence in the Americans is shaken”)— André Pessôa, Presidente da Agroconsult
Segundo Pessôa, a guerra pode levar à queda dos preços das commodities nas bolsas internacionais, mas os produtores brasileiros podem compensar esse efeito por meio de prêmios regionais. O Brasil já experimentou ganhos substanciais de mercado após o conflito comercial anterior, especialmente em produtos como soja, carnes e algodão.
Impactos e previsões
A CEO da Rabobank Brasil, Fabiana Alves, enfatizou que a conjuntura atual cria uma oportunidade para que o Brasil “coloque sua própria narrativa” e atraia investimentos para o agronegócio, desde que questões internas, como segurança jurídica, questões fundiárias e seguro agrícola, sejam endereçadas.
“A agenda de sustentabilidade está colocada, apesar de os EUA estarem ‘sombreando’ o tema no governo Trump”
(“The sustainability agenda is in place, although the US is casting a shadow over the theme in the Trump administration”)— Fabiana Alves, CEO da Rabobank Brasil
Enquanto a Europa demonstra uma possível desaceleração nos temas sustentáveis, a direção permanece clara, e a China tem avançado intensamente na recuperação de áreas degradadas para proteger seus recursos naturais e aumentar sua resiliência climática.
O movimento global por garantias de oferta alimentar e a revisão das estratégias comerciais sugerem que o Brasil poderá expandir sua presença no mercado mundial de commodities agrícolas, com base em uma narrativa robusta e políticas eficazes que aproveitem o momento geopolítico.
Fontes internas indicam que, para capitalizar essas oportunidades, o Brasil deve combinar ações governamentais com esforços do setor privado para posicionar seu agronegócio estrategicamente nos mercados internacionais.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)