
O Contexto da Pesquisa
A instabilidade no CDC foi desencadeada logo após a posse do presidente Donald Trump, em janeiro de 2025, com cortes relevantes na força de trabalho, restrição de comunicação dos funcionários com o público externo e ordens executivas limitando cooperações, incluindo com a Organização Mundial da Saúde. Recentemente, a crise atingiu novo patamar com a demissão da diretora Susan Monarez, conduzida pelo então secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., após Monarez recusar-se a adotar diretrizes não fundamentadas cientificamente e a demitir lideranças técnicas.
“Os profissionais do CDC responsáveis pelo processo, que colocaram máscaras em nossas crianças, que fecharam nossas escolas, são as pessoas que vão sair.”
(“the people at CDC who oversaw that process, who put masks on our children, who closed our schools, are the people who will be leaving.”)— Robert F. Kennedy Jr., Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Senado dos EUA
O cenário intensificou-se com o pedido formal de renúncia de Kennedy por parte de 12 membros do Comitê de Finanças do Senado, acompanhado da saída successive de pelo menos quatro altos dirigentes do CDC, citando pressões para transgredir recomendações científicas.
Resultados e Metodologia
A sucessão de intervenções políticas fragmentou a estrutura do CDC. Kennedy promoveu a substituição total dos 17 integrantes históricos do Comitê Consultivo em Práticas de Imunização, designando indivíduos sem histórico relevante na área, segundo sociedades médicas. Entidades como a Associação Nacional de Medicina e a Academia Americana de Pediatria manifestaram preocupação com “impactos à saúde decorrentes do desmonte do comitê”.
“Quando a diretora do CDC, Susan Monarez, recusou-se a chancelar diretrizes imprudentes e demitir especialistas dedicados à saúde pública, ela escolheu proteger o público em vez de um programa político. Por isso, foi alvo de retaliação.”
(“When CDC Director Susan Monarez refused to rubber-stamp unscientific, reckless directives and fire dedicated health experts, she chose protecting the public over serving a political agenda. For that, she has been targeted.”)— Assessoria jurídica de Susan Monarez
Em paralelo, episódios como o atentado armado à sede do CDC — atribuído por profissionais à ampla disseminação de desinformação — elevaram a sensação de risco. Pesquisas recentes mostram que 44% dos adultos americanos afirmam confiar menos nas recomendações do CDC sob a nova gestão.
Implicações e Próximos Passos
A fragmentação da liderança e mudanças abruptas em recomendações vacinais geraram confusão entre médicos e famílias. Organizações como a Academia Americana de Pediatria e o Colégio Americano de Ginecologia passaram a emitir orientações independentes, divergindo do CDC pela primeira vez. Estados como Califórnia, Oregon e Washington também estabelecem seus próprios protocolos. Médicos e sociedades estudam caminhos para recompor a confiança, recorrendo à aquisição direta de imunizantes, enquanto tentam preservar sistemas de dados e vigilância impactados pela restrição federal.
Especialistas apontam riscos graves à resposta coletiva dos EUA frente a ameaças sanitárias futuras, como surtos infecciosos, uma vez que muitas atribuições do CDC dependem de coordenação nacional. No contexto atual, prevalece a preocupação quanto à legitimidade das orientações do órgão e à autonomia da ciência diante de agendas políticas.
O futuro do CDC — e, por extensão, da saúde pública nos EUA — dependerá do refortalecimento de suas bases científicas, do restabelecimento da confiança social e do alinhamento entre estados e instâncias federais para preservar conquistas históricas de vigilância e prevenção de doenças.
Fonte: (Live Science – Ciência)