
São Paulo — InkDesign News — Cientistas descobriram uma nova espécie de radiodont, chamada Mosura fentoni, que viveu em terras do que é hoje o Canadá durante o período Cambriano, há cerca de 506 milhões de anos.
Contexto da descoberta
A pesquisa foi realizada por uma equipe de paleontologistas do Royal Ontario Museum e do Manitoba Museum. Os fósseis foram encontrados na Formação Burgess Shale, uma localidade famosa por sua abundância em invertebrados do Cambriano. Sessenta espécimes de Mosura fentoni foram coletados ao longo de nove temporadas de campo entre 1990 e 2022.
A nova espécie é comparável ao tamanho de um dedo indicador, possuindo três olhos, garras espinhosas e uma boca circular com dentes. Além disso, apresenta nadadeiras ao longo de seus lados. Este conjunto de características posiciona Mosura fentoni dentro do grupo dos radiodontas, que inclui Anomalocaris canadensis, um predador de até um metro de comprimento que coexistiu com essa nova espécie.
Métodos e resultados
A equipe utilizou técnicas avançadas de preservação para analisar a anatomia interna dos fósseis, revelando estruturas do sistema nervoso, circulatório e digestivo. Segundo
“Poucos locais fósseis no mundo oferecem esse nível de insight sobre a anatomia interna macia”
(“Very few fossil sites in the world offer this level of insight into soft internal anatomy.”)— Dr. Jean-Bernard Caron, Curador, Royal Ontario Museum
. A pesquisa identificou um sistema circulatório aberto em Mosura fentoni, com um coração que bombeava sangue em grandes cavidades corporais, conhecidas como lacunas.
Os resultados demonstram que a espécie possuía 16 segmentos com brânquias na extremidade traseira do corpo. Essa configuração é vista como uma convergência evolutiva com grupos modernos, como caranguejos-ferradura e insetos, que também exibem segmentos com órgãos respiratórios.
Implicações e próximos passos
Estudos anteriores sobre radiodontas revelaram sua importância na compreensão das características ancestrais dos artrópodes, e Mosura fentoni destaca a diversidade e a adaptação desses invertebrados primitivos. Os pesquisadores afirmam que essas descobertas podem ajudar a elucidar questões controversas sobre a morfologia de outros fósseis antigos, oferecendo novos insights sobre a evolução de grupos de artrópodes.
A descoberta de Mosura fentoni promete impactar futuras pesquisas em paleontologia, possibilitando investigações sobre processos evolutivos e adaptações de organismos em ambientes antigos.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)