
Fortaleza, CE — InkDesign News — A Polícia Federal (PF) investiga o uso de uma funerária para fraudar documentos e lavar dinheiro obtido com descontos ilegais na folha de pagamento de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) entre 2022 e 2024. A empresa Global Planos Funerários, localizada em Fortaleza (CE), movimentou mais de R$ 82 milhões, dos quais cerca de R$ 2,6 milhões apresentam indícios de ilegalidades.
Contexto político
O esquema fraudulento desvendado pela Polícia Federal envolve a Global Planos Funerários, cuja sócia é Cecília Rodrigues Mota, investigada também por viagens suspeitas ao exterior. Segundo relatório da PF, a funerária recebeu pagamentos irregulares de associações como a Associação De Catadores E Catadoras De Materiais Recicláveis Da Região Centro Norte De Palmas (Asbampa) e a Associação Brasileira dos Servidores Públicos (Abrasp). Ressalta-se que os valores irregulares, como os R$ 100 mil repassados para uma empresa de tecnologia e segurança, a Highway Comércio e Serviços de Informática, circulavam posteriormente entre outras empresas ligadas a Cecília, configurando um fluxo financeiro atípico.
Reações e debates
“O fluxo comum é a associação repassar os valores para as empresas. Nesse caso, percebemos um fluxo contrário com valores expressivos”
— Relatório da Polícia Federal
Investigações apontam que certidões de óbitos foram falsificadas para justificar cobranças de aproximadamente R$ 3 mil por serviço funerário às associações contratantes, embora o número de óbitos informados pelas associações não corresponda à realidade. Além disso, mesmo diante de supostas mortes em grande número, as associações mantiveram ou aumentaram o número de associados ativos, o que levanta questionamentos sobre a veracidade dos serviços e as contribuições recebidas.
Desdobramentos e desafios
Até o momento, a Global Planos Funerários e Cecília Rodrigues Mota não se posicionaram sobre as acusações. A reportagem da CNN Brasil buscou contato com as empresas e associações mencionadas, sem obter respostas até o fechamento desta matéria. O caso traz desafios para a fiscalização dos benefícios previdenciários e destaca a necessidade de mecanismos mais rigorosos para evitar fraudes no INSS, sobretudo no que tange a descontos ilegais e uso indevido de recursos públicos.
“Pelas contas da PF, entre 2022 e 2024 os valores serviriam para custear o enterro de 8.713 pessoas. O valor, no entanto, ainda segundo a PF, não bate o número de mortes registradas pelas associações no mesmo período.”
— Polícia Federal
Este caso reforça a urgência em aprimorar as estruturas de controle e transparência nas operações envolvendo o INSS e organizações associativas, além de evidenciar o impacto das fraudes na administração pública e nos direitos dos beneficiários.
Fonte: (CNN Brasil – Política)