
Porto Alegre — InkDesign News — O líder do PT na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Miguel Rosseto, protocolou uma representação junto ao Ministério Público estadual contra a veiculação do documentário “Todos Nós por Todos Nós”, produzido pela Secretaria de Comunicação do estado. A iniciativa, apresentada em maio de 2025, alega que o filme promove uma imagem pessoal do governador Eduardo Leite em meio ao desastre climático ocorrido no ano passado, configurando possível abuso de recursos públicos.
Contexto político
O documentário, lançado há cerca de uma semana nas redes sociais e em cinemas, tem duração superior a 42 minutos e aborda os esforços do governo na gestão da crise climática no Rio Grande do Sul. Rosseto sustenta que o material afronta princípios da administração pública, como legalidade, moralidade, impessoalidade e publicidade, previstos na Constituição Federal e na Lei de Improbidade Administrativa. Segundo o deputado, o vídeo serviria como instrumento de autopromoção de Eduardo Leite, em possível preparação para sua candidatura ao Senado ou Presidência da República, aproveitando os recursos públicos para fins eleitorais.
Reações e debates
O parlamentar declarou que o documentário gerou críticas na população, sobretudo devido à frequente aparição de Leite no conteúdo. Rosseto manifestou sua preocupação com a destinação dos recursos públicos, que deveriam prioritariamente atender à proteção da sociedade gaúcha, e afirmou:
“É uma vergonha o que nós estamos assistindo no Estado do Rio Grande do Sul. É um escândalo, é uma imoralidade, é uma ilegalidade usar recursos públicos. Recursos, volto a dizer, que deveriam ser utilizados para proteger o povo gaúcho, a sociedade gaúcha, sendo utilizados numa autopromoção vergonhosa e imoral por parte de Eduardo Leite e do vice-governador Gabriel Souza”
— Miguel Rosseto, deputado estadual, PT-RS
A bancada do PT também solicitou que o Ministério Público apure as responsabilidades e verifique os custos envolvidos na produção do filme, buscando eventual ressarcimento ao erário público.
“A Lei de Improbidade Administrativa é clara quando proíbe expressamente a utilização de recursos públicos em atos de publicidade que contrariem o princípio da impessoalidade e da moralidade, de forma a promover inequívoco enaltecimento do agente público e personalização de atos de programas de obras, de serviços ou de campanhas dos órgãos públicos”
— Miguel Rosseto, deputado estadual, PT-RS
Até o momento, a Secretaria de Comunicação do Rio Grande do Sul não se pronunciou oficialmente sobre a representação.
Desdobramentos e desafios
A representação ao Ministério Público representa um desafio para o governo estadual, pois coloca em discussão o uso de recursos públicos em campanhas institucionais com possíveis fins eleitorais. A investigação poderá definir responsabilidades e determinar medidas para prevenir casos similares no futuro. O debate ganha relevância em um cenário político de alta disputa eleitoral, em que a transparência e a legalidade na publicidade governamental são temas sensíveis para a sociedade e organismos de controle.
A questão também suscita discussão sobre os limites entre promoção institucional e pessoal no uso do aparato estatal, impactando percepções acerca da administração pública no Rio Grande do Sul e no país. A tramitação do caso e suas consequências podem influenciar futuras práticas de comunicação governamental e fiscalização dos gastos públicos em campanhas oficiais.
Fonte: (CNN Brasil – Política)