
São Paulo — InkDesign News — A redução drástica no tráfego de navios cargueiros da China para os portos da Costa Oeste dos Estados Unidos, registrada na última sexta-feira (9), revela as consequências da guerra comercial e das tarifas impostas pelo governo norte-americano, gerando preocupações sobre a inflação e a disponibilidade de produtos no mercado.
Panorama econômico
Recentemente, as autoridades portuárias da Costa Oeste reportaram uma situação sem precedentes: nenhum navio cargueiro havia deixado a China com destino a dois dos maiores portos, Los Angeles e Long Beach, em um intervalo de 12 horas. Isso marca um grave sinal em um contexto econômico marcado pela queda na relação comercial entre os EUA e a China. A guerra comercial, exacerbada pela aplicação de tarifas que afetam a maioria das importações chinesas, tem pressionado as empresas a reconsiderarem suas estratégias, levando a um impacto significativo na oferta de produtos e, consequentemente, na inflação.
Indicadores e análises
O Porto de Long Beach, um dos mais movimentados dos EUA, registrou uma queda de 35% a 40% no volume normal de carga. Paralelamente, o Porto de Los Angeles notou uma diminuição de 31% e o Porto de Nova York e Jersey também está se preparando para uma desaceleração. Para se ter uma noção da severidade da situação, a carga proveniente da China responde por mais de 63% das importações do Porto de Long Beach, um número expressivo que já foi de 72% em 2016. A Maersk, líder no segmento de transporte marítimo, informou que o volume de carga entre os dois países caiu entre 30% e 40%. O CEO da Maersk, Vincent Clerc, observou:
“Se não começarmos a ver uma diminuição da escalada da situação com a China, se não começarmos a ver mais desses acordos comerciais, estaremos em uma situação em que alguns desses efeitos se tornem mais arraigados e adversos.”
(“If we don’t start seeing a de-escalation of the situation with China, if we don’t start seeing more of these trade agreements, we will be in a situation where some of these effects become more entrenched and adverse.”)— Vincent Clerc, CEO, Maersk
Impactos e previsões
As consequências dessa situação já podem ser percebidas por consumidores que enfrentam preços elevados e escassez de produtos nas prateleiras. Mario Cordero, CEO do Porto de Long Beach, declarou:
“Se as coisas não mudarem rapidamente — estou falando da incerteza que estamos vendo — então poderemos ver prateleiras vazias. Isso agora será sentido pelo consumidor nos próximos 30 dias.”
(“If things do not change quickly — I’m talking about the uncertainty we are seeing — then we may see empty shelves. This will be felt by the consumer in the next 30 days.”)— Mario Cordero, CEO, Porto de Long Beach
A reunião planejada entre representantes comerciais dos EUA e da China em Genebra pode ser um passo importante para a resolução das tensões, mas o futuro econômico muito depende das decisões que serão tomadas. A implementação de tarifas, que pode chegar até 145% para produtos chineses, levanta a questão sobre a possibilidade de um alívio para consumidores e empresas nos próximos meses.
Os próximos desdobramentos desse cenário reafirmam a necessidade urgente de negociações e acordos que possam amenizar os efeitos da guerra comercial e suas repercussões no comércio e na economia global.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)