
Brasília — InkDesign News — O documentário e livro Ainda Estou Aqui revelam a história da família Paiva, marcada pela prisão, tortura e morte do deputado Rubens Paiva, ocorrida em 1971 durante a ditadura militar brasileira. A narrativa, relatada pelo filho Marcelo Rubens Paiva em entrevista à CNN Brasil em 10 de maio de 2025, aborda o impacto pessoal e político desse trauma, que se tornou uma luta pela memória e pelos direitos humanos no país.
Contexto político
O episódio da prisão e morte de Rubens Paiva, deputado cassado e perseguido político, representa um dos capítulos mais sombrios da repressão no regime militar brasileiro (1964-1985). O filme Ainda Estou Aqui, primeiro longa brasileiro premiado com o Oscar, tem origem no livro de Marcelo Rubens Paiva, que narra a busca incansável da mãe, Eunice Paiva, para descobrir o destino do marido perante o silêncio e negacionismo das autoridades da época.
A trajetória da família Paiva se entrelaça com a militância política, marcada pela militância em direitos humanos e resistência mesmo diante da dor. Segundo Marcelo, o início dos protestos de 2013, originalmente sem pauta definida, foi apropriado por movimentos conservadores que pediam “intervenção militar” e a volta do AI-5, medida autoritária emblemática do período.
Reações e debates
Marcelo Rubens Paiva expressa preocupação com a normalização da violência e a promoção de figuras ligadas à repressão, como o torturador Carlos Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi, identificado como centro ativo de tortura e desaparecimento forçado de opositores. Ele lembra o impacto do medo causado pela repressão:
Os torturadores, eram verdadeiros fantasmas que tinham, os bichos papão que tinham na nossa história
— Marcelo Rubens Paiva, escritor e ativista
Diante desse quadro, a resistência da família e de Marcelo permanece baseada na militância incessante. Ele ressalta que “viver não é cair em depressão quando se tem uma luta tão grande, tão forte como essa” e que a escrita representa uma forma de continuar essa resistência.
Desdobramentos e desafios
Este legado de luta pela memória e justiça dialoga com desafios atuais, como o fortalecimento da democracia, a garantia dos direitos indígenas e de pessoas com deficiência e o reconhecimento dos mortos e desaparecidos políticos. Marcelo enfatiza:
“Nunca vamos nos entregar. Vamos lutar por um país justo, por um país melhor, pelos direitos indígenas, pelos direitos dos deficientes, vamos lutar pela redemocratização, pelo reconhecimento dos mortos desaparecidos e pelo fortalecimento da democracia”
— Marcelo Rubens Paiva, escritor e ativista
As narrativas da ditadura e as consequências da repressão ainda permeiam a política brasileira, exigindo atenção constante para evitar a repetição dos erros do passado e promover a reparação histórica.
Fonte: (CNN Brasil – Política)