
Brasília — InkDesign News — Governistas acompanham com apreensão o atrito entre ministros do governo Lula, especialmente entre a Casa Civil e a Controladoria-Geral da União (CGU), diante das investigações sobre fraudes no INSS, que ameaçam desdobrar-se em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) em meio a tensões políticas em 2024.
Contexto político
O caso das fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social ganhou destaque após operação da Polícia Federal em abril, que apontou irregularidades envolvendo pagamentos ilícitos. A CGU, órgão responsável por auditorias e prevenção de fraudes, foi alvo de críticas públicas do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que ressaltou uma suposta demora no alerta sobre a crise.
Segundo Rui Costa, “Ao fim e ao cabo, nós deixamos passar dois anos, período no qual mais pessoas foram lesadas, para poder corrigir o problema. O papel da Polícia Federal não é mesmo o de avisar nada a ninguém, é apurar ato criminoso. Ela está no papel dela, correto, sem reparo. Agora, a função de qualquer Controladoria é preventiva e não corretiva ou punitiva”.
Vinicius de Carvalho, chefe da CGU, optou por evitar confronto direto, explicando que a entidade realiza cerca de 500 a 600 auditorias por ano, que resultam em milhares de recomendações aos órgãos governamentais, configurando seu papel de prevenção.
Reações e debates
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconhecem que a CGU poderia ter sido mais incisiva, mas também alertam que críticas internas causaram desgaste político ao governo, enfraquecendo uma de suas principais estratégias para combater fraudes. Um líder do PT observou que “além de gerar uma nova crise de imagem, o ataque à CGU enfraquece o principal ativo que o governo tem no combate às fraudes.”
Além de gerar uma nova crise de imagem, o ataque à CGU enfraquece o principal ativo que o governo tem no combate às fraudes: o fato de que a própria CGU na gestão Lula investigou e detectou as irregularidades no INSS.
— Liderança do PT
Parlamentares ligados ao presidente estão atentos ao impacto no Congresso, onde pedidos para criação de CPIs e CPMIs se multiplicam, incluindo a possibilidade de focar em contratos e descontos indevidos vinculados à gestão anterior, direcionando o debate para o governo Bolsonaro, mas sem diminuir os riscos para a base governista.
Desdobramentos e desafios
Governistas avaliam que a instalação de comissões parlamentares poderá travar a agenda legislativa prioritária para o Planalto, como a reforma do imposto de renda, peça central para o projeto eleitoral de 2026. Além disso, as investigações podem estender-se, aumentando a pressão política e jurídica sobre o governo.
Segundo aliados da CGU, a Previdência foi informada previamente sobre auditorias antes da operação policial, e o ministro Rui Costa teria feito críticas “desproporcionais”, num momento citado de diálogo recente entre os dois no Planalto.
A CGU faz, em média, 500 a 600 auditorias por ano. Todas geram recomendações aos órgãos, responsáveis pela gestão daqueles órgãos de governo. Temos ao longo desse ano, se não me falha a memória, quase quatro mil recomendações feitas aos mais de 4 mil órgãos que a CGU tem a responsabilidade de auditar. […] Tudo isso é atividade de prevenção.
— Vinicius de Carvalho, Ministro da Controladoria-Geral da União
Os próximos meses serão decisivos para o equilíbrio político, com o governo calibrando o discurso e a articulação para manter a coesão interna e neutralizar desgastes que possam comprometer a governabilidade e a agenda econômica.
Fonte: (CNN Brasil – Política)