Sindicato do IBGE alerta governo sobre impacto de novo mapa-múndi na credibilidade

Brasília — InkDesign News — O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou, em 7 de maio de 2025, uma nova versão do mapa-múndi invertido, posicionando o Brasil no centro. A inovação desperta controvérsias e críticas, notadamente da Associação do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do IBGE (ASSIBGE-SN), que questiona os fundamentos técnicos e institucionais do projeto.
Contexto político
A apresentação do mapa invertido pelo presidente do IBGE, Marcio Pochmann, destacou a intenção de ressaltar o protagonismo do Brasil em fóruns internacionais, como BRICS e Mercosul, bem como a realização da COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém, capital do Pará. O IBGE já havia lançado em 2024 um Atlas Geográfico Escolar também com o Brasil centralizado, iniciativa que gerou debates nas redes sociais e na esfera pública.
Conforme Pochmann, “a novidade busca ressaltar a posição atual de liderança do Brasil em importantes fóruns internacionais como no BRICS e Mercosul e na realização da COP 30 no ano de 2025”.
Reações e debates
A ASSIBGE-SN divulgou uma nota oficial do Núcleo Chile, no Rio de Janeiro, manifestando repúdio à proposta. A associação qualificou o mapa como “um gesto sem respaldo técnico reconhecido pelas convenções cartográficas internacionais” e afirmou que tal iniciativa compromete a confiabilidade construída pelo IBGE ao longo de décadas. No documento, destaca-se que “o que se vende como símbolo de autoestima nacional esconde um paradoxo desconfortável” dada a persistência de questões sociais graves no país.
“O Brasil ainda enfrenta graves mazelas sociais: desigualdade estrutural, carências educacionais, insegurança, informalidade, perda de competitividade.”
— Coordenação do Núcleo Chile, ASSIBGE/SN
O sindicato critica também o uso político do órgão técnico, argumentando que a atual gestão do IBGE desloca a instituição para o campo da “imagem, da alegoria, da ação promocional”, ferindo princípios constitucionais como finalidade administrativa, impessoalidade e moralidade.
“Transformar a cartografia oficial do Estado em gesto de vaidade simbólica é oferecer à população um consolo ilustrado, quando o que ela precisa é verdade, responsabilidade e seriedade.”
— Coordenação do Núcleo Chile, ASSIBGE/SN
Desdobramentos e desafios
A controvérsia instalada envolve questões técnicas, éticas e políticas, com impactos diretos na percepção pública da função e credibilidade do IBGE. A polêmica evidencia tensões na gestão institucional, especialmente na conciliação entre papel técnico e demandas simbólicas do Estado. O desafio será equilibrar inovação cartográfica com rigor científico e transparência, preservando a confiança social e internacional dos dados oficiais.
Em meio às críticas, algo fica claro: o Brasil não se torna mais respeitado por estar “no centro do papel”, mas por meio de políticas públicas consistentes, instituições confiáveis e dados transparentes, elementos essenciais para enfrentar os desafios estruturais que persistem.
Esse debate movimenta também a agenda de governança pública e reforça a importância de proteger a integridade técnica do IBGE, instituição que “não pertence a pessoas, pertence ao Estado, à sociedade e ao futuro”, conforme ressaltado pela ASSIBGE-SN.
Fonte: (CNN Brasil – Política)