
São Paulo — InkDesign News — A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a Taxa Selic a 14,75%, o maior patamar em 19 anos, gerou reações críticas do setor produtivo nacional em janeiro de 2025, num contexto de desaceleração econômica e controle inflacionário.
Panorama econômico
O cenário econômico global permanece desafiador, com os Estados Unidos enfrentando uma recessão técnica, o que impacta a moeda dólar e o comércio internacional. No Brasil, o Banco Central, em busca de controle inflacionário, optou pela elevação da taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual. A decisão ocorre em meio a sinais de desaceleração econômica interna mais acentuada que as projeções iniciais para o final de 2024, além do contexto de expansão fiscal vigente. Setores produtivos e centrais sindicais questionam a estratégia do BC, considerando os riscos envolvidos para emprego e renda.
Indicadores e análises
A Taxa Selic atingiu 14,75% ao ano, o nível mais alto desde 2006. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) ressaltou que “a elevação em 0,5 ponto percentual da Selic ‘impõe um fardo ainda mais pesado à economia’”. Segundo a entidade, a inflação está desacelerando e a recessão nos Estados Unidos pode influenciar na queda do dólar nos próximos meses. Por sua vez, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) considerou o aumento esperado, tendo em vista que a inflação corrente permanece acima do teto da meta, mesmo com a desaceleração gradual da atividade econômica.
“Embora o controle da inflação seja o objetivo primordial do Banco Central, a elevação da Selic traz riscos significativos à economia, que está em processo de desaceleração mais acentuado do que esperávamos no final de 2024.”
(“Although controlling inflation is the primary objective of the Central Bank, the increase in the Selic rate brings significant risks to the economy, which is undergoing a sharper slowdown than we expected at the end of 2024.”)— Ricardo Alban, Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI)
“Apesar da desaceleração gradual da atividade econômica interna e do aumento das incertezas externas, que tendem a diminuir a pressão sobre os preços, houve aceleração da inflação corrente [em relação a 2024], que se mantém acima da meta anual, num contexto de expansão fiscal e expectativas inflacionárias ainda desancoradas, justificando uma política monetária contracionista.”
(“Despite the gradual slowdown of domestic economic activity and the increase in external uncertainties, which tend to reduce price pressures, there was an acceleration in current inflation [compared to 2024], which remains above the annual target, in a context of fiscal expansion and still unanchored inflation expectations, justifying a contractionary monetary policy.”)— Ulisses Ruiz de Gamboa, Economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo (ACSP)
Impactos e previsões
Setores produtivos e entidades sindicais manifestaram preocupação com o aumento da taxa de juros e seus efeitos na economia brasileira. A Associação Paulista de Supermercados criticou a continuidade do ciclo de alta, destacando que o patamar atual da Selic favorece o “rentismo e a especulação”, em detrimento de empregos e investimentos de longo prazo. Centrais sindicais, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, classificaram a decisão como um aperto econômico que eleva o custo de vida e do crédito, potencialmente levando o país à recessão.
“O brasileiro já convive com uma taxa básica de juros proibitiva para o desenvolvimento econômico e que aumenta o custo de vida, o endividamento das famílias, das empresas e os gastos do governo federal.”
(“Brazilians already live with a basic interest rate prohibitive to economic development, which increases the cost of living, household and business indebtedness, and federal government expenses.”)— Juvandia Moreira, Vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT)
“Antes dessa decisão a taxa já estava num valor extorsivo, de 14,25% ao ano. É uma irresponsabilidade social. A decisão quer levar o País para a recessão econômica.”
(“Before this decision the rate was already at an extortionate level, 14.25% per year. It is a social irresponsibility. The decision wants to lead the country to economic recession.”)— Miguel Torres, Presidente da Força Sindical
A perspectiva futura indica que o Banco Central enfrentará o desafio de equilibrar o controle da inflação com a necessidade de estimular o crescimento econômico, frente a um cenário internacional incerto e uma economia doméstica em desaceleração. A vigilância será intensa sobre os indicadores de inflação e atividade produtiva para ajustes posteriores na política monetária.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)