
Belo Horizonte — InkDesign News — No primeiro trimestre de 2025, a MRV Engenharia apresentou crescimento significativo em seus lançamentos e produção, mesmo diante de desafios na operação internacional e repasses de programas regionais, em um cenário marcado por inflação e juros elevados.
Panorama econômico
O início de 2025 tem sido caracterizado por um cenário macroeconômico global que afeta fortemente o setor imobiliário brasileiro. Com a inflação em patamares ainda elevados e a política monetária restritiva em vários mercados, as decisões de compra e investimento no setor residencial refletem cautela. No Brasil, os programas regionais de repasses têm sofrido ajustes, impactando diretamente o fluxo de caixa das construtoras. No plano internacional, a operação da MRV nos Estados Unidos (Resia) enfrenta dificuldades financeiras, pressionando os resultados consolidados do grupo.
Indicadores e análises
Os lançamentos da MRV cresceram 81,2% no primeiro trimestre de 2025, totalizando cerca de R$ 2,89 bilhões, enquanto a produção alcançou 9.454 unidades, um aumento de 17,5% em relação ao mesmo período do ano anterior. As vendas líquidas, por sua vez, subiram moderadamente 1,7%, encerrando em R$ 2,16 bilhões, impacto atribuído a uma “trava temporária nos repasses de programas regionais”.
Contudo, o resultado financeiro ajustado registrou um saldo negativo de R$ 132 milhões, impactando o lucro líquido ajustado da divisão de incorporação, que sofreu queda de 52,2%, fechando em R$ 26 milhões. O prejuízo líquido ajustado da MRV no período foi de R$ 262,9 milhões, fortemente pressionado pela operação norte-americana Resia, que apresentou um resultado negativo de R$ 279,7 milhões, contra R$ 44,3 milhões no primeiro trimestre de 2024.
“Boa parte do ‘backlog’ deve ser resolvido no segundo trimestre”
(“Most of the backlog should be resolved in the second quarter”)— Ricardo Paixão, Diretor Financeiro, MRV Engenharia
Para mitigar os impactos, a Resia vendeu o empreendimento Dallas West por US$ 57 milhões e dois terrenos em Miami e Dallas por US$ 14 milhões, gerando uma entrada de caixa significativa no segundo trimestre. Ainda assim, a operação tem como meta desinvestir US$ 800 milhões em ativos até o final de 2026.
Impactos e previsões
A MRV segue otimista quanto ao cumprimento das metas anuais, mesmo com ajustes financeiros no primeiro trimestre. A queima de caixa estimada em R$ 50,8 milhões devido ao atraso nos repasses destaca o desafio de fluxo de caixa, enquanto a geração futura de caixa pela venda de ativos pode aliviar a pressão financeira. O mercado imobiliário deve acompanhar de perto a evolução dos repasses e a capacidade do grupo em reduzir seu endividamento, principalmente na operação internacional.
Especialistas indicam que a recuperação da operação norte-americana será crucial para o equilíbrio financeiro do grupo, enquanto o mercado interno pode continuar beneficiando-se do aumento da produção e lançamentos, ainda que as vendas fiquem moderadas pela conjuntura econômica. O desempenho da MRV, portanto, reflete a complexidade do momento econômico tanto local quanto global.
“Com isso, foi feito o impairment referente a esses terrenos no primeiro trimestre, no valor de US$ 15 milhões com geração de caixa de US$ 14 milhões, dos quais US$ 9 milhões previstos para o segundo trimestre”
(“With this, impairment related to these lands was made in the first quarter, in the amount of US$ 15 million with cash generation of US$ 14 million, of which US$ 9 million is forecast for the second quarter”)— MRV Engenharia, Relatório Financeiro
O segmento imobiliário, afetado por fatores econômicos e estruturais, deverá observar novas movimentações financeiras e ajustes estratégicos ao longo de 2025, com o acompanhamento das operações internacionais e o ajuste do mercado interno de habitação.
Fonte: (CNN Brasil – Economia)