Estudo revela que primeiros povos da Austrália coletavam fósseis

São Paulo — InkDesign News — Uma nova pesquisa da Universidade de New South Wales redefiniu a compreensão sobre a interação entre os povos indígenas da Austrália e a megafauna extinta, desafiando a noção de que esses grupos caçavam esses grandes animais.
Contexto da descoberta
O estudo revisita um osso de tíbia fossilizado de um canguru gigante sthenurine, encontrado na Caverna Mammoth, na Austrália Ocidental, que era considerado uma prova de que os indígenas australianos caçavam megafauna. Originalmente, em 1980, um estudo indicou uma marca de corte no osso como evidência de abate, mas o professor Mike Archer, que liderou essa pesquisa, admitiu que a conclusão estava equivocada.
Métodos e resultados
Os pesquisadores utilizaram tecnologias avançadas, como escaneamento 3D, para analisar o osso sem danificá-lo. Além disso, a equipe aplicou técnicas modernas de datação radiométrica para determinar a idade real do osso e da marca. A análise revelou que a incisão foi feita após o osso ter se fossilizado, indicando que o animal estava morto quando a marca foi feita.
“Como cientista, não é apenas meu trabalho, mas minha responsabilidade atualizar o registro quando novas evidências surgem”
(“As a scientist, it’s not just my job but my responsibility to update the record when new evidence comes to light.”)— Mike Archer, Professor, Universidade de New South Wales
Dessa forma, o estudo questiona a relação entre a chegada dos humanos à Austrália, há cerca de 65 mil anos, e a extinção da megafauna. Os pesquisadores descobriram que muitas espécies de megafauna haviam desaparecido muito antes da chegada dos humanos, enquanto outros coabitaram com eles por milênios.
Implicações e próximos passos
Embora o papel dos primeiros povos australianos na extinção da megafauna seja incerto, o estudo sugere que os povos indígenas foram talvez os primeiros a demonstrar interesse e coletar fósseis, muito antes da ciência ocidental. Isso abre espaço para novas linhas de pesquisa sobre como as mudanças climáticas e outros fatores contribuíram para a extinção das espécies. O professor Archer destaca que a falta de provas concretas de caça ou abate indica que, mesmo que humanos tenham interagido com a megafauna, não há evidências suficientes para confirmar sua responsabilidade pela extinção.
“Evidências contundentes são necessárias antes de concluir que a predação foi um fator na extinção da megafauna”
(“Hard evidence is required before it can be concluded that predation on the now extinct megafaunal species by First Peoples contributed to their extinction.”)— Mike Archer, Professor, Universidade de New South Wales
A pesquisa publicada na Royal Society Open Science abre novas discussões sobre as interações entre os humanos e a megafauna da Austrália, destacando a complexidade desse relacionamento ao longo da história.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)