
Londres — InkDesign News — Centenas de registros ao longo de séculos impulsionaram uma nova compreensão sobre os misteriosos flashes de luz observados na superfície lunar, conhecidos como Fenômenos Lunares Transitórios (TLPs). Pesquisas recentes, envolvendo observatórios europeus e universidades internacionais, analisaram a origem desses eventos, destacando avanços científicos na identificação e explicação desses flashes, cuja duração pode variar de milissegundos a horas.
O Contexto da Pesquisa
O interesse científico por TLPs remonta ao século XVIII, com relatos como o do astrônomo William Herschel, que descreveu em 1787 uma luz comparável à Nebulosa de Órion emanando do lado escuro da lua. Desde então, ao menos 3.000 TLPs foram oficialmente documentados por diferentes observadores, entre astrônomos profissionais e amadores. Esses fenômenos incluem “intensos clarões”, manchas avermelhadas ou violetas e regiões difusas que alteram a aparência local da superfície lunar.
“Alguns flashes foram confirmados pela primeira vez durante a chuva de meteoros Leônidas, em novembro de 1999.”
(“some flashes were first confirmed during the Leonid meteor shower in November 1999”)— Masahisa Yanagisawa, Professor Emérito, Universidade de Eletrocomunicações do Japão
A comunidade científica buscava determinar as causas desses eventos, que variam significativamente em duração e intensidade.
Resultados e Metodologia
O brilho súbito e de curta duração, inferior a um minuto, foi associado principalmente ao impacto de meteoroides, que aquecem instantaneamente as rochas e as fazem brilhar. A confirmação desses flashes, denominados “lunar impact flashes” (LIFs), dependia de gravação simultânea em diferentes locais, devido à possibilidade de ruídos elétricos dos equipamentos. Tecnologias de vídeo de alta velocidade, disponíveis a partir da década de 1990, impulsionaram a identificação sistemática dos TLPs.
Nos últimos nove anos, o programa NELIOTA, financiado pela Agência Espacial Europeia, registrou quase duzentos LIFs, os quais, segundo estudo de 2024, ocorrem de maneira quase homogênea em toda a superfície lunar. Os flashes mais longos — variando de minutos a horas — podem ser ocasionados pela liberação explosiva de gás radônio do interior da Lua, normalmente disparada por “moonquakes” (tremores lunares), com a substância radioativa tornando-se visível após o decaimento.
“Os únicos eventos mais longos (e não longos) que observei são satélites passando diante do disco lunar”, disse o pesquisador Alexios Liakos, do Observatório Nacional de Atenas. Ele ressaltou que, desde 2017, não testemunhou TLPs de longa duração na face oculta da Lua.
“Os únicos eventos mais longos (e não longos) que observei são satélites cruzando o disco lunar”
(“The only longer (and not long) events that I have observed are satellites that cross the lunar disk”)— Alexios Liakos, Pesquisador Associado, Observatório Nacional de Atenas
Implicações e Próximos Passos
O entendimento dos TLPs tem aplicações práticas relevantes para a segurança de satélites e futuras missões lunares tripuladas ou automatizadas, ao prover dados sobre a frequência de impactos e sobre possíveis eventos tectônicos lunares. Outro aspecto considerado por pesquisadores é a eventual ilusão causada por satélites orbitais ou mecanismos de reflexão luminosa na atmosfera terrestre, o que exige protocolos rigorosos de validação por múltiplos observadores e instrumentos.
A contínua observação e a análise sistemática desses fenômenos podem consolidar modelos mais precisos de impacto de meteoroides e de atividade geoquímica no satélite natural, com potencial de influenciar o planejamento de bases e experimentos lunares.
O campo se prepara para expandir colaborações internacionais e integrar novas tecnologias ópticas, ampliando o monitoramento e entendimento de fenômenos transitórios lunares, essenciais para a proteção tecnológica e o avanço do conhecimento astronômico.
Fonte: (Live Science – Ciência)