
Tucson, Universidade do Arizona — InkDesign News — Uma pesquisa inovadora publicada em outubro de 2025 na revista Nature revela novas pistas sobre a origem da Lua e a assimetria entre seus lados próximo e afastado. Liderado pelo cientista planetário Jeffrey Andrews-Hanna, o estudo aponta o polo sul lunar, destino das futuras missões Artemis da NASA, como um possível repositório de pistas sobre a formação do satélite.
O Contexto da Pesquisa
Ao longo das décadas, cientistas buscaram explicar por que o lado afastado da Lua é fortemente craterado, enquanto o lado próximo — palco das missões Apollo — aparenta ser mais liso e vulcânico. Pesquisas anteriores indicavam que uma “magma oceânica” teria coberto toda a Lua em sua juventude, diferenciando-se em crosta, manto e uma camada residual rica em potássio, terras raras e fósforo — chamada KREEP. A distribuição assimétrica desses elementos ainda intriga os pesquisadores.
Resultados e Metodologia
Segundo o artigo, cerca de 4,3 bilhões de anos atrás, um asteroide colossal atingiu a Lua, formando a imensa Bacia do Polo Sul-Aitken (SPA). O formato oval do SPA sugere que o impacto veio do norte. Cruzando dados de topografia, composição química e espessura da crosta, o grupo liderado por Andrews-Hanna identificou mais material “ejetado” do manto lunar no limite sul da bacia, agora principal alvo das missões Artemis.
“Isso significa que as missões Artemis pousarão na borda sul da bacia — o local ideal para estudar o maior e mais antigo impacto da Lua, onde o material do interior profundo deve estar acumulado.”
(“This means that the Artemis missions will be landing on the down-range rim of the basin — the best place to study the largest and oldest impact basin on the moon, where most of the ejecta, material from deep within the moon’s interior, should be piled up,”)— Jeffrey Andrews-Hanna, Cientista Planetário, Universidade do Arizona
A análise detalhada revelou ainda uma assimetria inesperada: a camada de ejeção do lado oeste da bacia é rica em tório, enquanto a do leste não apresenta tal concentração, sugerindo que o impacto expôs a fronteira entre uma crosta “regular” e a parte remanescente do oceano de magma enriquecido com KREEP.
“Nosso estudo mostra que a distribuição e composição desses materiais correspondem às previsões dos modelos para os últimos estágios do oceano de magma lunar.”
(“Our study shows that the distribution and composition of these materials match the predictions that we get by modeling the latest stages of the evolution of the magma ocean,”)— Jeffrey Andrews-Hanna, Cientista Planetário, Universidade do Arizona
Implicações e Próximos Passos
Os resultados sugerem que a borda sul do SPA contém registros fundamentais do passado da Lua, especialmente sobre a migração do material KREEP do lado afastado para o próximo. Novos dados obtidos por sensoriamento remoto, particularmente sobre o elemento tório, reforçam a importância estratégica do local selecionado para os futuros pousos lunares.
A chegada das missões Artemis promete aprimorar consideravelmente a compreensão sobre a evolução lunar. Amostras trazidas de volta pelos astronautas permitirão análise detalhada em laboratórios especializados, tornando possível desvendar processos que moldaram o satélite.
Ao refletir sobre os próximos passos, cientistas da Universidade do Arizona anteveem colaborações globais para analisar as amostras das missões Artemis, com a expectativa de resolver vários mistérios sobre a história primal da Lua e o papel de grandes impactos na evolução planetária.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)