
Turku, Finlândia — InkDesign News — Pela primeira vez, astrônomos capturaram uma imagem de dois buracos negros orbitando um ao outro, oferecendo a prova visual inédita de pares desse tipo no universo. O resultado foi obtido por meio de delicadas flutuações de luz captadas por telescópios terrestres e espaciais, com os dados publicados em 9 de outubro na revista The Astrophysical Journal.
O Contexto da Pesquisa
A descoberta é fruto de décadas de estudo em torno do blazar OJ287, localizado a cerca de 5 bilhões de anos-luz da Terra. Desde o fim do século XIX, registros fotográficos já apontavam variações periódicas na intensidade de OJ287, fenômeno que só recentemente foi atribuído à presença de dois buracos negros em órbita mútua. Antes, as limitações tecnológicas impediam a resolução de tais sistemas em imagens distintas, restringindo-se as evidências à observação indireta e ao registro de ondas gravitacionais surgidas de fusões de buracos negros.
Resultados e Metodologia
A equipe internacional utilizou uma rede de telescópios que inclui o satélite russo RadioAstron (Spektr-R), ativo entre 2011 e 2019, para alcançar uma resolução sem precedentes. A imagem obtida revela dois componentes correspondentes aos jatos de partículas emitidos por cada buraco negro—fenômeno que se manifesta enquanto o material é acelerado a velocidades próximas à luz ao redor do objeto massivo.
“Pela primeira vez, conseguimos obter uma imagem de dois buracos negros circulando um ao redor do outro.”
(“For the first time, we managed to get an image of two black holes circling each other.”)— Mauri Valtonen, Astrônomo, Universidade de Turku
O maior dos buracos negros analisados tem massa estimada em 18 bilhões de vezes a do Sol e é responsável por um jato massivo, enquanto o secundário exibe um jato menor, movimentando-se em espiral similar a um “rabinho de cachorro”.
“A antena de rádio do satélite foi até a metade do caminho para a Lua, o que melhorou muito a resolução da imagem.”
(“The satellite’s radio antenna went halfway to the moon, which greatly improved the resolution of the image.”)— Mauri Valtonen, Astrônomo, Universidade de Turku
No entanto, os pesquisadores alertam que, devido à complexidade dos dados, ainda não se pode descartar completamente a possibilidade de haver sobreposição dos jatos registrados.
Implicações e Próximos Passos
A confirmação visual de um par de buracos negros amplia o entendimento sobre a evolução das galáxias e a dinâmica desses corpos extremos. O registro pode impulsionar novas técnicas de observação de sistemas binários, favorecendo o estudo da emissão de ondas gravitacionais e o refinamento dos modelos cosmológicos.
Os especialistas aguardam a retomada de missões com resolução semelhante à alcançada pelo RadioAstron para confirmar o “abanar do rabo” do buraco negro secundário, detalhando ainda mais o fenômeno.
Nos próximos anos, o campo deve investir em redes globais de telescópios e métodos indiretos para aprimorar o rastreio de buracos negros binários, aprofundando a compreensão sobre os mecanismos de fusão e crescimento desses objetos.
Fonte: (Live Science – Ciência)