
Contexto da descoberta
A origem da Lua tem sido objeto de debates científicos, com a hipótese mais aceita envolvendo um evento de impacto colossal entre a proto-Terra e um corpo celeste chamado Theia. Discussões em torno da eficiência da mistura entre esses dois corpos planetários são comuns, levantando questões sobre o que poderia ter permanecido da composição química original de cada um.
Os pesquisadores da Universidade de Brown analisaram rochas do Taurus Littrow, coletadas durante a missão Apollo 17, para entender melhor a química da nebulosa solar primitiva e a distribuição dos componentes de enxofre no Sistema Solar inicial. Sua análise revelou que o material vulcânico nas amostras exibe uma falta significativa de enxofre-33, um dos quatro isótopos radioativamente estáveis de enxofre. Este achado contrasta acentuadamente com as proporções de isótopos de enxofre encontrados na Terra.
Métodos e resultados
O estudo foi realizado utilizando uma técnica avançada chamada espectrometria de massa de íons secundários, que oferece precisão na análise isotópica. Dr. James Dottin, um dos pesquisadores, destacou que “esperávamos ver a composição isotópica de enxofre da Lua semelhante à da Terra, mas nos deparamos com valores muito diferentes” (“That’s what I expected to see when analyzing these samples, but instead we saw values that are very different from anything we find on Earth.”).
As amostras foram retiradas de um tubo de amostra, um cilindro metálico perfurado a 60 cm de profundidade no solo lunar e devolvido à Terra em condições controladas. O estudo sugere que a diferença nos isótopos de enxofre pode ser explicada por processos químicos primordiais ou pela assinatura de enxofre de Theia, que poderia ter sido distinta da da Terra.
Implicações e próximos passos
Os achados apresentam duas hipóteses: a primeira sugere que os isótopos anômalos podem resultar de processos químicos que ocorreram na Lua em sua história inicial, como interação do enxofre com luz ultravioleta em uma atmosfera rarefeita. A segunda hipótese considera que o enxofre anômalo é um remanescente da própria formação da Lua.
“Isso poderia ser uma evidência de intercâmbio de materiais entre a superfície lunar e o manto”
(“That would be evidence of ancient exchange of materials from the lunar surface to the mantle.”)— Dr. James Dottin, Pesquisador, Universidade de Brown
Entender a distribuição dos isótopos ajudará cientistas a decifrar como o Sistema Solar se formou. Pesquisas futuras sobre isótopos de enxofre em Marte e outros corpos celestes podem fornecer informações cruciais.
Esse estudo representa um avanço significativo na compreensão da geologia lunar e de sua conexão com a Terra.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)