Paris — InkDesign News — Duas sondas localizadas em Marte registraram imagens inéditas do cometa interestelar 3I/ATLAS, marcando o ponto mais próximo de observação deste objeto misterioso pela Agência Espacial Europeia (ESA). A descoberta, fruto de pesquisa realizada na órbita marciana em outubro de 2023, representa avanço relevante na compreensão de objetos interestelares que cruzam o Sistema Solar.
O Contexto da Pesquisa
O cometa 3I/ATLAS, proveniente de um sistema estelar desconhecido e há bilhões de anos atravessando a galáxia, é apenas o terceiro objeto interestelar já confirmado — juntamente com 1I/‘Oumuamua e 2I/Borisov — e, até o momento, aparenta ser o maior deles, com diâmetro estimado entre 5 e 11 km. A chegada desse corpo celeste ao Sistema Solar interno instigou a comunidade científica a monitorar sua trajetória e composição, vislumbrando entender sua origem remota e características únicas. O monitoramento foi possível graças à aproximação do cometa com Marte, no início de outubro, quando ficou ao alcance das sondas ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) e Mars Express, ambas operadas pela ESA.
Resultados e Metodologia
Enquanto a sonda Mars Express não conseguiu captar o objeto devido à baixa luminosidade, a ExoMars TGO registrou uma série de imagens que, compiladas, resultam em uma animação do cometa como um ponto luminoso e difuso se distanciando de Marte a aproximadamente 210.000 km/h. A luminosidade registrada corresponde ao núcleo do cometa, composto por gelo e rocha, envolvido por sua coma — uma nuvem de gases que se forma pela sublimação do gelo quando o cometa se aproxima do Sol. Como esclarece o pesquisador principal do sistema de imagem da ExoMars, Nick Thomas:
“O cometa é cerca de 10.000 a 100.000 vezes mais tênue do que nossos alvos usuais”
(“The comet is around 10,000 to 100,000 times fainter than our usual target”)— Nick Thomas, Professor, Universidade de Berna
Devido a esse fator, explica a ESA, nenhuma cauda foi identificada nas imagens atuais, mas espera-se que, com a aproximação do Sol, tanto a coma quanto a cauda se tornem mais visíveis. Outros instrumentos, como o rover Perseverance da NASA, podem ter detectado o cometa, embora a confirmação oficial permaneça pendente devido à interrupção das comunicações públicas da agência norte-americana.
Implicações e Próximos Passos
A importância dessa observação reside na possibilidade de analisar dados sobre a composição e as dimensões do cometa, potencialmente contribuindo para o conhecimento sobre a formação e evolução de corpos interestelares. Os próximos meses deverão ser marcados pela análise detalhada das imagens capturadas, na expectativa de revelar propriedades até então desconhecidas desse visitante cósmico.
“Ainda não há informações oficiais sobre o registro feito pelo rover Perseverance, mas novas imagens podem ampliar nossa compreensão sobre esses objetos raros”
(“No official information about the image has been released, but new images may expand our understanding of these rare objects”)— ESA, comunicado oficial
O cometa tornou-se inacessível a telescópios terrestres devido ao seu posicionamento atrás do Sol, mas voltará a ser observável do solo em dezembro. Em março de 2026, passará por Júpiter antes de deixar definitivamente o Sistema Solar. Este acompanhamento contínuo potencializa futuras descobertas sobre o trânsito de corpos interestelares e a história primitiva da Via Láctea.
À luz dos resultados preliminares, pesquisadores aguardam por novas oportunidades de observação, cientes de que cada registro contribui para desvendar o enigma dos viajantes interestelares — e que, em breve, tecnologias aprimoradas poderão ampliar o alcance e a precisão dessas medições, impactando decisivamente o estudo da ciência planetária.
Fonte: (Live Science – Ciência)
