
Brasília — InkDesign News — A Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem 2024 (Talis), divulgada pela OCDE, revelou que apenas 64% dos professores brasileiros possuem contratos permanentes, um índice significativamente abaixo da média de 81% observada entre os países membros da organização.
Contexto educacional
A educação brasileira enfrenta desafios estruturais desde décadas passadas, com indicadores que oscilam conforme contextos políticos e econômicos. Dados de pesquisas anteriores já demonstravam a precarização do trabalho docente, e a Talis 2024 acentua esta problemática ao registrar uma queda de 16 pontos percentuais na proporção de professores com contratos permanentes desde 2018. De acordo com a pesquisa, menos de um em cada quatro professores estão satisfeitos com seus salários, um panorama que revela a fragilidade da política de valorização do magistério.
Políticas e iniciativas
O governo atual tem implementado algumas iniciativas para mitigar a insatisfação dos educadores, embora a eficácia delas ainda seja debatida. Programas de formação continuada e editais para valorização das práticas pedagógicas foram lançados com o intuito de elevar a qualidade do ensino. No entanto, a aplicação destes recursos em larga escala enfrenta barreiras devido à falta de integração entre as esferas governamentais e as secretarias de educação locais. “A remuneração desempenha um papel importante na atração e retenção de professores, garantindo que seu trabalho seja financeiramente sustentável e competitivo com outras profissões”, aponta a pesquisa.
Desafios e perspectivas
Entre os principais obstáculos à melhoria das condições de trabalho dos professores estão a desigualdade regional e as deficiências na infraestrutura escolar. O Brasil ocupa o quinto lugar em termos de insatisfação salarial entre os países analisados, sendo superado apenas por nações como Malta e Portugal. Na esfera global, a comparação é desvantajosa, visto que outros países, como Dinamarca e França, apresentam altos índices de satisfação docente. Para reverter este quadro, é necessário uma reavaliação das políticas públicas voltadas para a educação, priorizando investimentos que assegurem estabilidade e bem-estar aos educadores.
“Como a maior parte dos funcionários, a maioria dos professores busca estabilidade no emprego. Um componente importante da segurança no emprego dos professores é a sua modalidade de contrato.”
(“As most employees, most teachers seek job stability. An important component of teachers’ job security is their contract type.”)— Pesquisa Talis
Os impactos esperados dessas iniciativas ainda demandam acompanhamento rigoroso e a construção de um diálogo contínuo entre educadores, gestores e a sociedade civil. Os próximos passos para o setor incluem priorizar a qualificação profissional dos professores e a reestruturação das políticas salariais, buscando um cenário mais promissor para a educação no Brasil.
Fonte: (Agência Brasil – Educação)