
Contexto da descoberta
A pesquisa, que foi publicada na revista Nature Communications, utiliza dados hiperespectrais do instrumento Compact Reconnaissance Imaging Spectrometer for Mars (CRISM) a bordo do Mars Reconnaissance Orbiter da NASA. A identificação deste mineral ocorreu em locais que apresentavam uma banda espectral incomum nos espectros de CRISM, localizada perto do Juventae Chasma e na cratera Aram Chaos.
O descubrimento do hidroxissulfato férrico se torna relevante, pois essa banda espectral não correspondia a nenhum mineral conhecido por mais de 15 anos, dificultando a identificação mineral. Trabalhos prévios indicaram que sulfatos de ferro hidratados poderiam ser a origem do material inexplicável.
Métodos e resultados
Usando abordagens de inteligência artificial, os pesquisadores conseguiram mapear minerais conhecidos e desconhecidos, reconhecendo anomalias em pixels individuais de imagens. Esses métodos permitiram que novos locais em Marte fossem identificados com a mesma banda espectral, esclarecendo características espectrais adicionais.
“Os dados que vêm do espectrômetro não são utilizáveis da maneira que são,” disse Dr. Mario Parente, da Universidade de Massachusetts, Amherst. “Precisamos calibrar os dados, corrigir e remover o efeito da atmosfera.”
(“The data that come out of the spectrometer is not usable the way it is,” said Dr. Mario Parente, a researcher at the University of Massachusetts, Amherst.)
Os cientistas conseguiram reproduzir o mineral em laboratório, determinando que a substância misteriosa era, de fato, hidroxissulfato férrico, que se forma em condições altamente específicas, entre 50 e 100 graus Celsius, em ambientes ácidos e na presença de oxigênio e água. A pesquisa sugere que o mineral se formou em Aram Chaos por meio de calor geotérmico e em Juventae por meio de atividade vulcânica por cinzas ou lava, possivelmente durante o período amazoniano, ou seja, há menos de 3 bilhões de anos.
Implicações e próximos passos
A presença do hidroxissulfato férrico indica que partes de Marte podem ter sido quimicamente e termicamente ativas mais recentemente do que se acreditava anteriormente, oferecendo novos insights sobre a superfície dinâmica e o potencial do planeta em abrigar vida. Dr. Parente afirma que “temperatura, pressão e condições como pH são todos indícios muito importantes do que foi o paleoclima.”
(“Temperature, pressure and conditions such as pH are all very important indications of what the paleoclimate was,” Dr. Parente said.)
Os próximos passos incluirão a busca do hidroxissulfato férrico na Terra para seu reconhecimento oficial como um novo mineral e mais investigações sobre suas implicações geológicas e climáticas.
Fonte: (sci.news– Ciência & Descobertas)