
Mumbai — InkDesign News — Uma equipe internacional de astrônomos, liderada pela Universidade de Mumbai e em colaboração com cientistas cidadãos, anunciou a descoberta do mais distante e poderoso “círculo radio-ótico” (ORC, na sigla em inglês) já detectado. O estudo, publicado em 2 de outubro no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, expande o entendimento sobre fenômenos cósmicos raros com a identificação do objeto RAD J131346.9+500320.
O Contexto da Pesquisa
Os ORCs surgiram no radar da astronomia apenas nos últimos seis anos e permanecem entre os mais misteriosos fenômenos detectados no universo. Estes anéis colossais de emissão de rádio envolvem galáxias e só podem ser observados na faixa radioelétrica do espectro eletromagnético, compostos por plasma magnetizado relativístico. Até o momento, poucos exemplares foram catalogados, quase todos com dimensões de 10 a 20 vezes o tamanho da Via Láctea, e suas origens permanecem debatidas — teorias atuais sugerem que podem se formar a partir de ondas de choque de fusões de buracos negros supermassivos ou galáxias.
Resultados e Metodologia
O estudo atual utilizou o RAD@home Astronomy Collaboratory, plataforma de ciência cidadã, e o radiotelescópio LOFAR, o mais sensível do mundo em baixas frequências (10 a 240 megahertz). A fonte descoberta, RAD J131346.9+500320, está localizada quase ao redshift ~0,94 — quando o universo tinha metade da idade atual. Este ORC apresenta uma característica rara: dois anéis concêntricos, sendo apenas o segundo caso registrado deste tipo.
“Este trabalho mostra como astrônomos profissionais e cientistas cidadãos juntos podem expandir as fronteiras da descoberta científica.”
(“This work shows how professional astronomers and citizen scientists together can push the boundaries of scientific discovery.”)— Dr. Ananda Hota, fundador do RAD@home Astronomy Collaboratory
A pesquisa ainda identificou outras duas estruturas radioelétricas incomuns: RAD J122622.6+640622, galáxia três milhões de anos-luz de diâmetro (25 vezes a Via Láctea) cujo jato, abruptamente desviado, forma um anel de rádio de 100 mil anos-luz; e RAD J142004.0+621715, estendendo-se por 1,4 milhão de anos-luz, também com emissão circular no final de um dos jatos. Todas se situam em aglomerados galácticos de cerca de 100 trilhões de massas solares, sugerindo que a interação dos jatos de plasma magnetizado com o plasma térmico quente circundante é fundamental para moldar tais estruturas.
“Essas descobertas evidenciam que ORCs e anéis de rádio não são curiosidades isoladas — fazem parte de uma família mais ampla de exóticas estruturas de plasma esculpidas por jatos de buracos negros, ventos e seus ambientes.”
(“These discoveries show that ORCs and radio rings are not isolated curiosities – they are part of a broader family of exotic plasma structures shaped by black hole jets, winds, and their environments.”)— Dr. Pratik Dabhade, Centro Nacional de Pesquisa Nuclear, Varsóvia
Implicações e Próximos Passos
A colaboração entre cientistas cidadãos e profissionais catalisou não só o maior e mais distante ORC, como traçou um novo panorama para pesquisas futuras. Com o avanço de telescópios como o Square Kilometre Array (SKA), espera-se a descoberta de mais ORCs. Além disso, levantamentos ópticos robustos, como o DESI e o LSST, complementarão a identificação do ambiente e distância destas galáxias, aprofundando a compreensão sobre os mecanismos de formação desses anéis.
O papel de voluntários permanece crucial mesmo diante do avanço da inteligência artificial, como destacado pelos pesquisadores. Os próximos anos prometem uma multiplicação de descobertas, com potencial para desvendar profundamente a interação entre jatos de buracos negros e o meio intraaglomerado, um dos grandes desafios da astrofísica extragaláctica contemporânea.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)