Cientistas identificam lesão cerebral oculta em estudo sobre demência

Albuquerque — InkDesign News — Um novo estudo conduzido pela Universidade do Novo México propõe um novo modelo para classificar e entender as distintas formas da demência vascular, trazendo à luz fatores pouco estudados — como a presença de nano- e microplásticos no cérebro — que podem estar associados ao agravamento da doença. O artigo, publicado com destaque no American Journal of Pathology no início de outubro de 2025, sugere caminhos inovadores para o diagnóstico e tratamento da doença.
O Contexto da Pesquisa
Até o momento, a demência vascular — deterioração cognitiva causada por alterações nos pequenos vasos sanguíneos cerebrais — era um campo relativamente negligenciado quando comparado ao intenso foco científico sobre a doença de Alzheimer. Doenças como hipertensão, aterosclerose e diabetes já haviam sido correlacionadas à demência vascular. Recentemente, pesquisadores identificaram níveis consideráveis de nano- e microplásticos em cérebros humanos, abrindo novos questionamentos sobre origens e agravantes da doença.
“We have been flying blind. The various vascular pathologies have not been comprehensively defined, so we haven’t known what we’re treating. And we didn’t know that nano- and microplastics were in the picture, because we couldn’t see them.”
(“Vínhamos atuando sem clareza. As diferentes patologias vasculares não foram definidas de maneira abrangente, então não sabíamos exatamente o que estávamos tratando. E não sabíamos que nano e microplásticos estavam presentes, porque não era possível vê-los.”)— Elaine Bearer, Professora do Departamento de Patologia, Universidade do Novo México
Resultados e Metodologia
A professora Elaine Bearer, especialista em Patologia, utilizou microscopia especializada e colorações diferenciadas para analisar tecidos cerebrais de um repositório composto por doações feitas por famílias do Novo México cujos entes faleceram com demência. O estudo identificou dez processos distintos que contribuem para lesão cerebral vascular, incluindo hipóxia, inflamação e eliminação deficiente de resíduos, resultando em microinfartos cerebrais.
Muitos pacientes com diagnóstico de Alzheimer apresentavam, simultaneamente, alterações nos pequenos vasos cerebrais. Em suas palavras:
“We suspect that in New Mexico maybe a half of our Alzheimer’s people also have vascular disease.”
(“Suspeitamos que, no Novo México, talvez metade dos pacientes com Alzheimer também apresentem doença vascular.”)— Elaine Bearer, Professora do Departamento de Patologia, Universidade do Novo México
O levantamento relacionou ainda o acúmulo de plásticos no cérebro a quadros demenciais mais graves e a níveis elevados de inflamação.
Implicações e Próximos Passos
A pesquisa conduzida em colaboração com Gary Rosenberg, professor de Neurologia e diretor do Centro de Pesquisa em Doença de Alzheimer da instituição, reforça a necessidade de reavaliar classificações e abordagens das demências. O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH) já cogita reunir especialistas para criar diretrizes de consenso sobre os diferentes tipos de demência vascular e os impactos dos plásticos cerebrais.
Hasher Bearer:
“Nanoplastics in the brain represent a new player on the field of brain pathology. All our current thinking about Alzheimer’s disease and other dementias needs to be revised in light of this discovery.”
(“Nanoplásticos no cérebro são um novo elemento na área da patologia cerebral. Todo o nosso entendimento atual sobre Alzheimer e outras demências precisa ser revisto diante dessa descoberta.”)— Elaine Bearer, Professora do Departamento de Patologia, Universidade do Novo México
O estudo propõe uma cooperação ampliada entre centros de pesquisa neuropatológica para padronizar classificações de alterações vasculares e avaliar o papel dos microplásticos, potencializando o avanço na compreensão e tratamento das demências.
A expectativa é que novos investimentos e debates internacionais possam acelerar a elaboração de protocolos clínicos, investigações epidemiológicas e estratégias preventivas focadas não só nas causas tradicionais, mas também nos efeitos insuspeitos da poluição plástica sobre a saúde cerebral.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)