
Brasília — InkDesign News — Na noite desta segunda-feira (6), a TV Brasil apresenta o programa Caminhos da Reportagem, que aborda a educação inclusiva no Brasil, destacando os desafios enfrentados por estudantes com deficiência.
Contexto educacional
O Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que 14,4 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, representando cerca de 7% da população. Contudo, a pesquisa expõe uma alarmante desigualdade educacional: cerca de 63,1% das pessoas com deficiência acima de 25 anos não completaram o ensino fundamental. Além disso, a taxa de analfabetismo entre essa faixa etária, de 21,3%, é três vezes superior à meta proposta no Plano Nacional de Educação.
Políticas e iniciativas
Atualmente, 92% das crianças e adolescentes com deficiência estão matriculados no sistema de ensino, com mais de 85% em instituições públicas. A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI), liderada pela secretária Zara Figueiredo, ressalta que “isso mostra para nós que as políticas, os programas e as ações desenhadas a partir de 2008 foram muito exitosas ao trazer esse público para dentro das escolas”. A perspectiva em relação à inclusão escolar, segundo Meire Cavalcante, da Rede Ibero-Americana REDSEI/OEI, se transformou consideravelmente desde a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, estabelecida em 2006, que deslocou o foco da deficiência do indivíduo para a sociedade.
Desafios e perspectivas
No entanto, muitos pais de crianças com deficiência relatam dificuldades emocionantes. A educadora Fabiana Elisa dos Santos, mãe de um menino com paralisia cerebral, expressa sua frustração:
“Duas escolas que eu achava muito boas me decepcionaram. Em uma delas, me disseram que a sala de aula tinha 20 alunos, mas que não havia ninguém para ficar com ele, porque o Victor ainda não andava”
(“Two schools that I thought were very good disappointed me. In one of them, I was told that the classroom had 20 students, but that there was no one to stay with him because Victor still didn’t walk.”)— Fabiana Elisa dos Santos, Educadora
. O casal Karla Cunha e André Nogueira, pais de Felipe, de 14 anos, também compartilha dessa luta, enfatizando que, embora a matrícula não tenha sido negada, a inclusão sempre foi problemática. O pai, André, menciona:
“Desde que começou a alfabetização, a gente percebia que as escolas não sabiam lidar com ele, nem como integrá-lo à turma. Por ele ser muito tranquilo, é fácil passar despercebido. E isso é muito ruim, porque ele está sendo excluído, né?”
(“Since he started literacy, we noticed that schools didn’t know how to handle him or how to integrate him into the class. Because he is very calm, it’s easy to go unnoticed. And that is very bad because he is being excluded, right?”)— André Nogueira, Pai
.
Confrontando esses obstáculos, a cantora lírica Giovanna Maira, que perdeu a visão antes dos 2 anos, compartilha sua experiência ao entrar na graduação e conseguir se formar em Música, ressaltando que, apesar dos desafios, “Hoje em dia as coisas estão muito melhores. Tenho muito orgulho daquilo que plantei. Mas desejo que essa nova geração não desista e lute pela próxima, para que tudo seja cada vez melhor”.
À luz dos desafios apresentados, o setor educacional ainda enfrenta um longo caminho pela frente, com a esperança de que as políticas atuais continuem a evoluir e que, gradativamente, a inclusão se torne uma realidade acessível para todos.
Fonte: (Agência Brasil – Educação)