
Stanford — InkDesign News — Uma nova pesquisa conduzida por cientistas da Escola de Medicina de Stanford e colaboradores revela as causas da deterioração da memória espacial durante o envelhecimento, oferecendo indícios de que nem todo declínio cognitivo é inevitável. O estudo, publicado recentemente, compara diferentes faixas etárias de camundongos, elucidando alterações cerebrais que podem informar estratégias futuras de prevenção em humanos.
O Contexto da Pesquisa
O esquecimento de locais, como onde chaves foram deixadas ou onde um jantar foi feito, costuma sinalizar tanto o desgaste natural da memória espacial quanto sintomas iniciais de demência. No envelhecimento saudável, porém, ainda há lacunas na compreensão do que prejudica o chamado “GPS cerebral”. O estudo de Stanford volta-se à região cerebral medial do córtex entorrinal, central na navegação espacial, buscando explicar variações de desempenho observadas com o passar dos anos.
Resultados e Metodologia
Pesquisadores observaram jovens, adultos de meia-idade e camundongos idosos – equivalentes, respectivamente, a humanos de 20, 50 e entre 75 e 90 anos. Os animais percorriam trilhas virtuais em busca de recompensas, enquanto a atividade cerebral era monitorada. Embora todos tenham aprendido a localizar recompensas após repetidas exposições, apenas os mais novos e de meia-idade mantiveram estabilidade e precisão nas chamadas células de grade, essenciais para mapas mentais do espaço.
Quando desafiados a alternar entre trilhas já aprendidas, os camundongos idosos falharam em discriminar os ambientes, evidenciando confusão tanto em comportamento quanto nos disparos neurais. A pesquisadora Lisa Giocomo afirmou:
“Você pode pensar no córtex entorrinal medial como contendo todos os componentes necessários para construir um mapa do espaço.”
(“You can think of the medial entorhinal cortex as containing all the components you need to build a map of space.”)— Lisa Giocomo, Professora de Neurobiologia, Stanford
Destaque foi dado a um “superenvelhecido” — um camundongo idoso cujo desempenho foi equiparável ao dos jovens e adultos de meia-idade, sugerindo que fatores genéticos, como a expressão do gene Hapln4, podem diferenciar trajetórias individuais de envelhecimento.
Implicações e Próximos Passos
O estudo reforça que o declínio da memória espacial no envelhecimento não é homogêneo, abrindo espaço para novas abordagens de diagnóstico precoce e intervenção personalizada. Os dados contribuem para desvendar por que certos indivíduos preservam habilidades cognitivas mesmo com a idade avançada.
“Compreender parte dessa variabilidade — por que algumas pessoas são mais resilientes ao envelhecimento e outras mais vulneráveis — faz parte do objetivo deste trabalho.”
(“Understanding some of that variability — why some people are more resilient to aging and others are more vulnerable — is part of the goal of this work.”)— Charlotte Herber, Estudante de MD-PhD, Stanford
A equipe pretende investigar como a expressão diferencial de genes relacionados à estabilidade das células de grade pode servir de alvo para novas terapias ou para a identificação de indivíduos com maior risco de perda cognitiva.
Estudos futuros incluirão análises genômicas ampliadas e testes comportamentais em humanos, além da busca por marcadores precoces para intervenções preventivas. Na interface entre neurociência e genética, os resultados ampliam horizontes na compreensão e enfrentamento do envelhecimento cerebral.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)