
Nova York — InkDesign News — Uma pesquisa liderada pelo National Institutes of Health (NIH) e publicada em 25 de setembro na JAMA Network Open revelou que o impacto do COVID-19 na capacidade olfativa pode ser substancial e duradouro. O estudo, o maior até o momento a empregar um teste objetivo de identificação de 40 odores, demonstrou que mesmo pessoas que não percebem alterações em seu olfato podem estar significativamente afetadas.
O Contexto da Pesquisa
Desde o início da pandemia de COVID-19, diversos relatos apontaram para a perda ou redução da capacidade de sentir cheiros (hiposmia) como sintoma prevalente, e, em muitos casos, persistente. Contudo, a maioria dos estudos anteriores se concentrou em relatos subjetivos dos próprios pacientes, o que dificulta mensurações precisas sobre a severidade e a permanência do quadro. O novo estudo, integrado à iniciativa RECOVER do NIH e coordenado pelo NYU Langone Health, busca robustecer a literatura com dados objetivos e de larga escala.
Resultados e Metodologia
A equipe avaliou 3.535 adultos, com e sem histórico de infecção por COVID-19, entre outubro de 2021 e junho de 2025, empregando o University of Pennsylvania Smell Identification Test (UPSIT) — reconhecido como padrão-ouro clínico para mensuração do olfato. Entre aqueles que relataram problemas olfativos pós-COVID, 80% tiveram baixa pontuação no teste cerca de dois anos após a infecção, sendo que 23% apresentaram quadro severo ou mesmo perda total da capacidade olfativa. Mesmo entre participantes que não notaram alterações, 66% apresentaram desempenho anormal.
A autora co-líder, Dra. Leora Horwitz, destacou:
“Nossas descobertas confirmam que aqueles com histórico de COVID-19 podem estar especialmente em risco de apresentar perda olfativa, um problema já subestimado pela população geral.”
(“Our findings confirm that those with a history of COVID-19 may be especially at risk for a weakened sense of smell, an issue that is already underrecognized among the general population.”)— Leora Horwitz, Professora, NYU Grossman School of Medicine
Entre participantes sem infecção documentada que negaram problemas, 60% ainda assim demonstraram prejuízos no teste objetivo, possivelmente subestimando a prevalência de hiposmia na população geral ou indicando limitações dos critérios de infecção.
Implicações e Próximos Passos
A hiposmia, segundo os pesquisadores, associa-se a claras repercussões clínicas: perda de peso, queda na qualidade de vida, depressão e riscos aumentados — como consumo inadvertido de alimentos deteriorados. Além disso, alterações olfativas podem anteceder quadros neurodegenerativos, a exemplo de Parkinson ou Alzheimer, vinculando-se diretamente à saúde cognitiva.
A pesquisadora Horwitz enfatizou a importância da triagem rotineira:
“Esses resultados sugerem que os profissionais de saúde devem considerar o teste de olfato como parte da rotina pós-COVID.”
(“These results suggest that health care providers should consider testing for loss of smell as a routine part of post-COVID care.”)— Leora Horwitz, Professora, NYU Grossman School of Medicine
O grupo ressalta que medidas para reabilitação incluem treinamentos olfativos e suplementação de vitamina A, embora a eficácia dessas estratégias ainda esteja sob investigação. Entender como o coronavírus afeta sistemas sensoriais e cognitivos pode aprimorar a reabilitação.
No campo científico, a expectativa é de que novos estudos refinem métodos diagnósticos e preventivos, reduzindo o impacto a longo prazo da COVID-19 sobre a qualidade sensorial e neurológica dos pacientes.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)