
Riverside, Califórnia — InkDesign News — Um novo fóssil recém-descrito mostra que as sanguessugas existem há pelo menos 200 milhões de anos a mais do que o estimado anteriormente, segundo estudo publicado em PeerJ. Com origem no bioma de Waukesha, Wisconsin, o achado revoluciona a compreensão sobre a evolução desses animais.
O Contexto da Pesquisa
Pesquisadores tinham como consenso que as sanguessugas surgiram entre 150 e 200 milhões de anos atrás. Entretanto, a ausência de fósseis, já que esses animais possuem corpos moles que raramente fossilizam, frustrava tentativas de rastrear sua origem com precisão. O novo estudo, liderado por Karma Nanglu, paleontólogo da Universidade da Califórnia, Riverside, em colaboração com especialistas da Universidade de Toronto, Universidade de São Paulo e Universidade Estadual de Ohio, revela um panorama inesperado para o grupo Hirudinida.
Resultados e Metodologia
O fóssil, datado de aproximadamente 430 milhões de anos, preservou um disco de sucção caudal — presente nas sanguessugas modernas — e corpo segmentado em formato de gota. Notavelmente, o espécime não apresentava a ventosa bucal anterior, utilizada por sanguessugas atuais para perfurar pele e sugar sangue. Este detalhe, além de sua origem marinha, sugere hábitos alimentares distintos dos contemporâneos: em vez de se alimentarem de sangue de vertebrados, os primeiros representantes do grupo provavelmente consumiam pequenos invertebrados marinhos inteiros ou sugavam fluidos internos desses animais.
“This is the only body fossil we’ve ever found of this entire group”
(“Este é o único fóssil corporal que já encontramos de todo esse grupo”)— Karma Nanglu, Paleontólogo, Universidade da Califórnia, Riverside
A rara fossilização dessas sanguessugas demandou circunstâncias excepcionais: sepultamento quase imediato, baixa oxigenação e condições geoquímicas diferenciadas. O espécime foi identificado após análise aprofundada de material coletado no sítio de Waukesha, durante uma pesquisa conduzida pela Universidade Estadual de Ohio.
“A rare animal and just the right environment to fossilize it — it’s like hitting the lottery twice”
(“Um animal raro e o ambiente certo para fossilizá-lo — é como ganhar na loteria duas vezes”)— Karma Nanglu, Paleontólogo, Universidade da Califórnia, Riverside
Implicações e Próximos Passos
O registro reforça a plasticidade evolutiva do grupo, uma vez que as sanguessugas atuais ocupam ambientes aquáticos e terrestres, desempenhando papéis de predadores, necrófagos ou parasitas. Por serem organismos de corpo mole, a descoberta desafia pressupostos anteriores e ajuda a mapear raízes mais profundas da árvore evolutiva.
Nanglu destaca que grande parte da história evolutiva permanece desconhecida e ressalta a importância de questionar interpretações consolidadas. O fóssil serve como peça central em esforços mais amplos para reconstruir a história inicial da vida complexa na Terra.
O trabalho amplia a linha do tempo evolutiva das sanguessugas e abre perspectivas para futuras investigações sobre o surgimento de características como o parasitismo hematófago, além de fomentar debates sobre a conservação de fósseis de organismos de corpo mole e o potencial de novos achados em sítios semelhantes.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)