Pesquisa revela mecanismo de ferro que elimina células cancerígenas

Durham, Carolina do Norte — InkDesign News — Um estudo liderado por pesquisadores da Universidade Duke, publicado em 12 de setembro na revista Blood, revelou que bloquear uma enzima-chave envolvida na regulação do ferro não apenas destrói células de mieloma múltiplo, como também potencializa tratamentos convencionais contra a doença.
O Contexto da Pesquisa
O mieloma múltiplo (MM) é um câncer incurável das células plasmáticas, responsável por aproximadamente 10% de todos os diagnósticos de câncer no sangue. Apesar dos avanços terapêuticos, aumentam os casos de recaída dos sintomas e resistência a medicamentos. A origem do MM ainda não é completamente compreendida, mas pesquisadores observaram que a doença frequentemente se relaciona à supressão da ferroptose — processo natural de morte celular induzido por acúmulo excessivo de ferro. Quando a ferroptose é contida, a morte celular não acontece, perpetuando o avanço do câncer.
Resultados e Metodologia
O grupo de Duke identificou a quinase STK17B como enzima crítica na supressão da ferroptose em células de MM. Experimentos demonstraram que altos níveis dessa proteína correlacionam com menor sobrevida de pacientes, sendo particularmente elevados em casos de recaída.
“Elevated levels of STK17B are associated with poor overall survival in MM patients. STK17B expression is also especially pronounced in relapsed cases of the disease, underscoring its role in therapy resistance.”
(“Níveis elevados de STK17B estão associados à menor sobrevida geral em pacientes com MM. A expressão de STK17B é especialmente pronunciada em casos de recidiva da doença, ressaltando seu papel na resistência à terapia.”)— Mikhail Nikiforov, Professor de Patologia e Engenharia Biomédica, Universidade Duke
Utilizando um composto oral desenvolvido para bloquear a STK17B, o grupo conseguiu reativar a ferroptose e tornar as células cancerosas mais sensíveis aos tratamentos tradicionais. Em modelos murinos, a administração do inibidor reduziu significativamente o crescimento tumoral ao intensificar a captação de ferro.
“These findings establish that STK17B is a critical safeguard protecting MM cells from the toxic consequences of their iron independence. Inhibiting this kinase holds much promise as a therapeutic strategy.”
(“Essas descobertas mostram que a STK17B é uma salvaguarda fundamental para proteger as células de MM das consequências tóxicas de sua independência do ferro. Inibir essa quinase é uma estratégia terapêutica promissora.”)— Mikhail Nikiforov, Professor de Patologia e Engenharia Biomédica, Universidade Duke
Implicações e Próximos Passos
Os pesquisadores da Duke pretendem aprimorar a formulação do inibidor e já depositaram uma patente provisória para futura comercialização da terapia. Ainda, o grupo planeja investigar o efeito do composto em tumores resistentes à ferroptose fora do espectro do mieloma múltiplo.
Segundo Nikiforov, “Many other types of cancer cells are also resistant to ferroptosis. We’re curious to see how this inhibitor could improve therapies for other tumors outside of multiple myeloma.”
(“Muitas outras células cancerígenas também são resistentes à ferroptose. Temos interesse em investigar como este inibidor pode aprimorar o tratamento de outros tumores além do mieloma múltiplo.”)
A descoberta abre perspectivas relevantes para combater não só o mieloma múltiplo, mas potencialmente outras neoplasias resistentes, sinalizando uma nova era para tratamentos personalizados baseados na regulação do ferro. Novos ensaios clínicos e estudos multidisciplinares são previstos para os próximos anos, apontando rumos promissores para o enfrentamento de resistências terapêuticas em oncologia.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)