
Guarulhos — InkDesign News — Fernando Henrique dos Santos, 42 anos, enfrenta desafios significativos desde 2018 devido à sua condição de saúde. Depois de um diagnóstico inicial de artrite reumatoide, seu quadro evoluiu para espondilite anquilosante, exigindo infusões regulares de um medicamento de alto custo chamado infliximabe, o que levanta questões sobre acesso ao tratamento e infraestrutura de saúde.
Contexto e objetivos
A espondilite anquilosante é uma doença inflamatória crônica que afeta predominantemente a coluna vertebral e as articulações sacroilíacas, resultando em dor significativa e perda de mobilidade ao longo do tempo. O objetivo central é proporcionar um acesso adequado e contínuo a medicamentos biológicos, como o infliximabe, incentivando a criação de centros de terapia assistida no Sistema Único de Saúde (SUS). Essa necessidade é ainda mais urgente para os pacientes que, como Santos, enfrentam deslocamentos longos e custos adicionais devido à falta de serviços especializados.
Metodologia e resultados
O exame da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) revelou que, no Brasil, existem apenas 61 centros de terapia assistida, a maioria privada e predominantemente na Região Sudeste. Destes, apenas 11 mantêm contratos com o SUS. A pesquisa da Biored Brasil, realizada em julho de 2023 com 761 pacientes em tratamento, indicou que 10% deles estavam sem acesso adequado à aplicação dos medicamentos e que 46% relataram a ausência de centros nas proximidades. O estudo também revelou que mais da metade dos pacientes (55%) pagam entre R$ 150 e R$ 200 por aplicação, gerando um impacto financeiro significativo nas suas famílias.
“Tem pessoas que estão com remédio na mão e não tem onde fazer [a aplicação]. Isso não tem cabimento”
(“There are people with the medication in hand and no place to get [the application]. This makes no sense.”)— Vander Fernandes, Coordenador da Comissão de Centros de Terapia Assistida, SBR
Implicações para a saúde pública
Os resultados destacam uma lacuna crítica na infraestrutura de saúde, fundamental para a administração segura e eficaz de medicamentos biológicos. A falta de centros especializados implica riscos não só para a eficácia dos tratamentos, mas também para a saúde dos pacientes em geral. O reumatologista Vander Fernandes enfatiza a necessidade urgente de protocolos claros e um financiamento adequado por parte do Ministério da Saúde, que está atualmente analisando a criação de novos pontos de atendimento para terapia assistida, ainda em fase de estudos técnicos.
“Nossa luta é para que o Ministério da Saúde solte esse regramento [sobre os centros de terapia assistida], crie um financiamento para isso”
(“Our fight is for the Ministry of Health to release this regulation [on assisted therapy centers] and create funding for it.”)— Vander Fernandes, Coordenador da Comissão de Centros de Terapia Assistida, SBR
Em síntese, as evidências apontam para a necessidade de ações coordenadas que garantam a criação de centros de tratamento assistido adequados pela rede pública. O desafio persiste na criação de uma abordagem sustentada que assegure tratamento acessível e seguro a todos os portadores de doenças crônicas autoimunes no Brasil.
Fonte: (Agência Brasil – Saúde)