Nova pesquisa destaca rei que unificou Inglaterra antes de 1066
Cambridge — InkDesign News — Uma nova biografia revolucionária resgata Æthelstan no imaginário histórico britânico, 1.100 anos após sua coroação, e propõe um reconhecimento nacional do governante que consolidou o reino da Inglaterra em 927 d.C., segundo estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Cambridge.
O Contexto da Pesquisa
A maioria dos britânicos associa os grandes marcos da história nacional à Batalha de Hastings, em 1066, ou à Magna Carta, de 1215. No entanto, são poucos os que reconhecem os anos de 925 ou 927 d.C. como fundamentais para a formação do país. O novo livro The First King of England, do professor David Woodman, busca reverter esse cenário. A obra denuncia o apagamento histórico de Æthelstan, mesmo diante de importantes reformas legislativas e da unificação inglesa que protagonizou. O projeto, conduzido a partir do Robinson College e da Faculdade de História de Cambridge, articula-se ainda a uma campanha para memorializar a figura do monarca com propostas como estátuas, placas ou retratos em espaços públicos.
Resultados e Metodologia
A análise de Woodman se apoia em ampla documentação histórica, incluindo diplomas régios preservados na British Library e manuscritos como o Durham Liber Vitae. Entre as evidências destacadas estão o primeiro retrato manuscrito conhecido de um soberano inglês e registros detalhados das assembléias régias reunindo magnatas, inclusive reis escoceses e galeses. A pesquisa mostra que Æthelstan foi determinante na repressão aos vikings — ao submeter o reduto de York e legitimar seu domínio sobre uma “Inglaterra” reconhecível a partir de 927 d.C. — e também reformulou o aparato governamental com legislações inovadoras.
“Só porque as coisas ruíram após a morte de Æthelstan, isso não significa que ele não tenha criado a Inglaterra em primeiro lugar. Ele estava muito à frente de seu tempo em seu pensamento político.”
(“Just because things broke down after Æthelstan’s death doesn’t mean that he didn’t create England in the first place. He was so ahead of his time in his political thinking.”)— David Woodman, Professor, Faculdade de História, Universidade de Cambridge
Os documentos legais do período refletem maior profissionalização administrativa: diplomas passaram a exibir latim erudito e técnicas literárias avançadas, em uma clara tentativa de “ostentar poder”, segundo Woodman. Faz-se referência também à integração de nobres europeus por meio de alianças matrimoniais e ao incentivo ao aprendizado, evidenciado pelo influxo de estudiosos estrangeiros na corte de Æthelstan.
Implicações e Próximos Passos
A revisão historiográfica proposta por Woodman pode influenciar não apenas o currículo escolar inglês, mas reacender discussões sobre a memória pública da formação dos estados nacionais europeus. O grupo, que reúne outros historiadores notórios e parlamentares britânicos, planeja erguer um memorial em locais simbólicos como Westminster ou Malmesbury. A expectativa é estimular o debate público acerca dos processos de unificação nacional e valorizar o papel de Æthelstan no cenário político e religioso do século X.
“Temos nos concentrado tanto em 1066, o momento em que a Inglaterra foi conquistada. Já é hora de pensarmos em sua formação e na pessoa que a unificou.”
(“There has been so much focus on 1066, the moment when England was conquered. It’s about time we thought about its formation, and the person who brought it together in the first place.”)— David Woodman, Professor, Faculdade de História, Universidade de Cambridge
A biografia, publicada pela Princeton University Press, traz fôlego renovado ao debate e pode impulsionar iniciativas de valorização da primeira geração de reis ingleses. Conforme Woodman e colaboradores, resgatar a complexidade das origens políticas do país representa também uma oportunidade de compreender as bases da governança europeia medieval.
Para o campo dos estudos históricos, o próximo desafio será ampliar o acesso e a visibilidade desses registros para o público, além de incentivar a pesquisa acerca de figuras e eventos negligenciados pela tradição. No horizonte, soma-se a expectativa de consolidar Æthelstan como referência obrigatória nas narrativas sobre a gênese da Inglaterra.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)
