Cientistas revelam descoberta de 85 lagos sob o gelo da Antártica

Londres — InkDesign News — Cientistas liderados pela Universidade de Leeds anunciaram a descoberta de 85 lagos subglaciais anteriormente desconhecidos sob a camada de gelo da Antártica. Utilizando uma década de dados satelitais, o estudo traz novas perspectivas sobre a dinâmica glacial e suas possíveis consequências para o aumento do nível do mar.
O Contexto da Pesquisa
Antes deste achado, já se conheciam 146 lagos subglaciais ativos na Antártica, regiões essenciais para o entendimento da hidrologia subglacial do continente. O monitoramento dessas massas líquidas é fundamental devido ao seu papel na estabilidade das geleiras e no movimento do gelo sobre o leito rochoso, fatores que podem impactar diretamente projeções de elevação do nível dos mares. O estudo, publicado na Nature Communications, destaca a necessidade crescente de incorporar a dinâmica dessas reservas de água nos modelos climáticos globais.
Resultados e Metodologia
A equipe analisou dados obtidos de 2010 a 2020 pelo satélite Cryosat-2 da Agência Espacial Europeia (ESA). O satélite, equipado com um altímetro de radar, permitiu identificar alterações sutis na elevação da camada de gelo, indicando variações no preenchimento e esvaziamento dos lagos. Foram detectados 85 novos lagos ativos e observadas 12 sequências completas de ciclos de enchimento e drenagem — elevando o total global a 48 eventos completos documentados.
“It was fascinating to discover that the subglacial lake areas can change during different filling or draining cycles,”
(“Foi fascinante descobrir que as áreas dos lagos subglaciais podem mudar durante diferentes ciclos de enchimento ou drenagem,”)— Anna Hogg, Professora de Observação da Terra, Universidade de Leeds
“It is incredibly difficult to observe subglacial lake filling and draining events.”
(“É incrivelmente difícil observar eventos de enchimento e esvaziamento de lagos subglaciais.”)— Sally Wilson, Doutoranda, Instituto de Ciência Climática e Atmosférica, Universidade de Leeds
Além da identificação individual dos lagos, o estudo revelou 25 aglomerados de lagos e cinco redes subglaciais interconectadas, indicando sistemas hidrológicos altamente dinâmicos sob o gelo antártico. Alguns lagos, como o Vostok, permanecem estáveis e inertes, ao contrário dos ativos que influenciam o deslocamento do gelo para o oceano.
Implicações e Próximos Passos
A descoberta proporciona uma base de dados inédita para aperfeiçoar modelos matemáticos sobre a contribuição das camadas de gelo para o aumento do nível do mar — modelos que, até o momento, desconsideram a hidrologia subglacial. Segundo os autores, compreender os processos que controlam o fluxo de água sob a Antártica é vital para projeções acuradas do comportamento futuro do gelo.
“The more we understand about the complex processes affecting the Antarctic Ice Sheet, including the flow of meltwater at the base of the ice sheet, the more accurately we will be able to project the extent of future sea level rise.”
(“Quanto mais compreendermos sobre os processos complexos que afetam a camada de gelo antártica, incluindo o fluxo de água derretida na base, mais precisamente poderemos projetar a extensão da futura elevação do nível do mar.”)— Martin Wearing, Cientista Digital da ESA
Para os próximos anos, os cientistas pretendem expandir o monitoramento satelital e integrar as novas informações sobre lagos subglaciais às simulações globais de mudança climática. Novos estudos poderão aprimorar a capacidade de antever impactos em larga escala caso grandes reservatórios, como o Lago Vostok, experimentem alterações em sua estabilidade.
O avanço dessa linha de pesquisa representa um passo significativo para o entendimento dos sistemas glaciários da Antártica e para a previsão de eventos relacionados ao clima global, estabelecendo diretrizes para a continuidade de investigações científicas e para aprimorar políticas de mitigação dos efeitos do aquecimento global.