Pesquisa identifica nova espécie de crocodilo em fóssil infantil
Bozeman, Montana — InkDesign News — Uma equipe de pesquisadores liderada pela Montana State University anunciou a descoberta de uma nova espécie de crocodyliforme terrestre, datada de aproximadamente 95 milhões de anos, em escavações realizadas na Formação Blackleaf, sudoeste de Montana. O fóssil, apelidado de “Elton” e posteriormente nomeado Thikarisuchus xenodentes, revela uma linhagem até então desconhecida da fauna do Cretáceo norte-americano, segundo artigo publicado no Journal of Vertebrate Paleontology.
O Contexto da Pesquisa
O grupo dos crocodyliformes, notório por incluir crocodilos modernos e seus parentes extintos, predomina em registros fósseis como animais majoritariamente aquáticos e carnívoros, caracterizados por dentes simples e cônicos. No entanto, “Elton” difere substancialmente por sua adaptação ao ambiente terrestre e diversidade de dentição, capaz de processar alimentos variados, incluindo plantas e insetos. Sua descoberta sugere lacunas no conhecimento sobre o alcance ecológico e morfológico desses antigos répteis. O achado impulsiona a revisão das relações evolutivas dos crocodyliformes do hemisfério norte durante o Cretáceo.
Resultados e Metodologia
A investigação foi iniciada quando Harrison Allen, então estudante da Montana State University e atualmente doutorando pela Stony Brook University, identificou um pequeno fóssil durante uma escavação em 2021. Surpreendido pela textura incomum do achado, Allen levou o fragmento ao paleontólogo David Varricchio. “Eu sabia que devia ser algo bom, porque ele disse: ‘Me leve ao local onde você encontrou isso’”
(“I knew it must be something good, because he said, ‘Take me to where you found this’”)
— Harrison Allen, Estudante, Montana State University
Com auxílio de técnicas de escavação e posterior triagem de sedimentos, a equipe recuperou dezenas de fragmentos do esqueleto, incluindo um crânio articulado com cerca de 50 milímetros de comprimento. Devido à fragilidade, os ossos não foram montados fisicamente. Optou-se pela reconstrução digital baseada em tomografias computadorizadas (CT scans), processo detalhado por Allen: “Dediquei bem mais de 100 horas para colorir digitalmente os segmentos 2D necessários à separação dos ossos das rochas”
(“I spent well over 100 hours coloring the digital, 2D segment slices…to visually distinguish the bones from the rocks they were embedded in.”)
— Harrison Allen, Estudante, Montana State University
A análise paleontológica indicou alta concentração óssea em padrão característico de fósseis preservados em tocas, evidenciando comportamentos de vida subterrânea para a espécie. A designação “xenodentes” destaca os dentes inusitados, envoltos em bainhas, e a comparação taxonômica revelou convergências evolutivas com grupos similares em Europa, África e América do Sul.
Implicações e Próximos Passos
O estudo amplia significativamente o panorama sobre a diversidade ecológica dos crocodyliformes durante o Cretáceo, demonstrando a ocorrência de formas exclusivamente terrestres e onívoras na América do Norte. A descoberta do Thikarisuchus xenodentes fortalece hipóteses acerca da evolução convergente em resposta a ambientes semelhantes e destaca o potencial de novas pesquisas em zonas sedimentares como Blackleaf para revelar espécies endêmicas e adaptações inéditas.
Os pesquisadores planejam aprofundar análises morfológicas sobre outras amostras da formação e promover comparações globais entre grupos de pequeno porte. “A maioria da diversidade dos crocodyliformes está no passado… Isso me surpreendeu e me motivou ainda mais a me especializar nesse ramo da paleontologia”
(“The majority of diversity of crocodyliforms is in the past… That amazed me and made me want to get into this more specific realm of paleontology”)
— Harrison Allen, Estudante, Montana State University
A trajetória acadêmica de Allen e os desdobramentos do estudo evidenciam a importância de programas universitários dedicados à paleontologia para novas descobertas e formação de especialistas. A expectativa é de que trabalhos futuros revelem novas espécies e padrões de ecologia evolutiva entre crocodyliformes, promovendo avanços significativos para a paleontologia vertebrada.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)
