
Miami — InkDesign News — Pesquisadores da Florida International University (FIU) identificaram o aumento precoce da proteína TSPO, um importante marcador biológico de inflamação cerebral, como possível sinalizador da doença de Alzheimer anos antes do aparecimento da perda de memória. O estudo, publicado na revista Acta Neuropathologica, pode transformar estratégias de diagnóstico e tratamento da doença.
O Contexto da Pesquisa
O estudo parte de um vasto histórico científico sobre a proteína translocadora TSPO (translocator protein 18 kDa), investigada por mais de três décadas pelo pesquisador Tomás R. Guilarte, referência internacional em biomarcadores de neuroinflamação. TSPO tornou-se um marcador confiável em diagnósticos de doenças neurodegenerativas, neurológicas e psiquiátricas, sobretudo ao identificar inflamação cerebral. A doença de Alzheimer, marcada pela degeneração progressiva do sistema nervoso central, carece de métodos eficazes de detecção precoce, e a busca por biomarcadores iniciais é uma das maiores frentes na neurologia atual.
Resultados e Metodologia
Na pesquisa, a equipe de Guilarte utilizou ferramentas avançadas de imagem para acompanhar os níveis de TSPO em camundongos geneticamente modificados com variantes familiares do Alzheimer. Resultados foram confirmados em tecidos cerebrais humanos doados por membros de famílias colombianas com a mutação “paisa”, conhecida por causar Alzheimer precoce.
“Este é o primeiro estudo a realmente examinar quão cedo este biomarcador aumenta e onde ele começa a subir no cérebro.”
(“This is the first study to really examine how early this biomarker increases and where it begins rising in the brain.”)— Tomás R. Guilarte, Reitor, Robert Stempel College of Public Health & Social Work, FIU
Nos modelos animais, elevações do TSPO foram detectadas no subículo — componente crítico do hipocampo — já nas primeiras semanas de vida, equivalente à idade jovem-adulta em humanos. Microglias, células imunológicas do cérebro, especialmente aquelas próximas a placas amiloides, apresentaram os mais altos níveis de TSPO. Fêmeas mostraram níveis ainda mais elevados, espelhando dados epidemiológicos de que dois terços dos pacientes de Alzheimer são mulheres. Os tecidos de pacientes com mutação paisa revelaram padrão semelhante, mesmo em fases avançadas da doença.
Implicações e Próximos Passos
Os achados abrem novas perspectivas sobre o papel do TSPO, ainda pouco compreendido quanto à sua atuação protetora ou danosa no contexto neurodegenerativo. A equipe agora investiga modelos de Alzheimer sem o gene TSPO para aprofundar o entendimento e pretende expandir as análises para casos esporádicos de Alzheimer, responsáveis por mais de 90% dos diagnósticos.
“Quanto mais compreendemos esses processos, mais nos aproximamos de desenvolver tratamentos que realmente auxiliem antes que seja tarde demais.”
(“The more we understand these processes, the closer we get to tailoring treatments that can truly help – before it’s too late.”)— Daniel Martínez Pérez, Doutorando, Laboratório de Guilarte, FIU
Especialistas esperam que a identificação precoce do TSPO possa impulsionar o desenvolvimento de terapias preventivas, reduzindo prevalência e impacto do Alzheimer em escala global. Pesquisas futuras experimentarão bloquear ou potencializar a atuação da proteína para avaliar sua influência sobre o avanço da doença.
Ao conectar o aumento do TSPO à progressão inicial do Alzheimer, o estudo da FIU representa um avanço estratégico, tanto para o desenvolvimento de exames de imagem preditivos quanto para a compreensão dos mecanismos celulares envolvidos. A continuidade das investigações pode redefinir protocolos clínicos e abrir caminhos para intervenções mais eficazes e personalizadas.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)