
Liverpool — InkDesign News —
Consumir menos água do que o recomendado pode aumentar a vulnerabilidade do organismo a problemas de saúde relacionados ao estresse, segundo revela um novo estudo conduzido por cientistas da Liverpool John Moores University (LJMU) e publicado no Journal of Applied Physiology. A pesquisa, realizada no Reino Unido e divulgada em setembro, aponta que indivíduos com ingestão inadequada de líquidos apresentam uma resposta hormonal ao estresse significativamente maior, associada a riscos elevados de doenças cardíacas, diabetes e depressão.
O Contexto da Pesquisa
A regulação do estresse e sua relação com o consumo de água têm sido objeto de diversas investigações científicas. Pesquisas anteriores já sugeriam que a hidratação influencia o equilíbrio fisiológico, mas ainda havia dúvidas sobre o impacto direto da ingestão hídrica nos mecanismos hormonais relacionados ao estresse. Com financiamento da Danone R&I, o estudo conduzido pela LJMU visa aprofundar a compreensão desse fenômeno em adultos jovens saudáveis.
Resultados e Metodologia
Para avaliar a influência da ingestão de líquidos na resposta ao estresse, os pesquisadores dividiram os voluntários em dois grupos igualitários conforme o consumo diário: o grupo de baixo consumo (< 1,5 litro por dia) e o grupo de alto consumo (atingindo as recomendações de 2 litros diários para mulheres e 2,5 litros para homens). Fatores como características psicológicas e qualidade do sono foram controlados para evitar vieses.
Os participantes mantiveram por uma semana suas rotinas de hidratação, com monitoramento dos níveis de hidratação por análise de sangue e urina. Em seguida, todos realizaram o Trier Social Stress Test, um protocolo padrão que simula situações reais de pressão através de entrevista de emprego simulada e tarefa aritmética. Apesar de ambos os grupos relatarem níveis de ansiedade e elevação da frequência cardíaca semelhantes, somente aqueles menos hidratados apresentaram aumento de mais de 50% na resposta do cortisol salivar ao estresse.
“Se você sabe que tem um prazo apertado ou uma apresentação para fazer, manter uma garrafa de água por perto pode ser um bom hábito com benefícios potenciais para sua saúde a longo prazo.”
(“If you know you have a looming deadline or a speech to make, keeping a water bottle close could be a good habit with potential benefits for your long-term health.”)— Professor Neil Walsh, Fisiologista, Liverpool John Moores University
De acordo com o Dr. Daniel Kashi, também autor do estudo:
“Embora o grupo com menor ingestão não relatasse mais sede que o grupo de maior ingestão, apresentava urina mais escura e concentrada, sinais claros de pouca hidratação. Observamos que a hidratação precária estava associada a maior reatividade do cortisol ao estresse, padrão observado em diversos problemas de saúde a longo prazo.”
(“Although the low fluid group did not report being thirstier than the high fluid group, they had darker and more concentrated urine, clear signs of poor hydration. An important observation was that poor hydration was associated with greater cortisol reactivity to the stress test. Exaggerated cortisol reactivity to stress has been associated with poor long-term health.”)— Dr. Daniel Kashi, Fisiologista, LJMU
Implicações e Próximos Passos
O estudo destaca que o mecanismo está relacionado não apenas à resposta dos rins, mas ao papel do hormônio vasopressina, que regula tanto a retenção de água pelo corpo quanto a ativação do centro de estresse no cérebro (hipotálamo), levando ao aumento do cortisol. Tal dualidade reforça a necessidade de manter a ingestão diária sugerida: 2 litros para mulheres e 2,5 litros para homens adultos.
A equipe enfatiza a importância de estratégias prática de monitoramento, como observar a cor da urina, que deve ser amarelo-claro para indicar boa hidratação. Pesquisadores alertam que mais estudos longitudinais são necessários, mas defendem que permanecer hidratado pode ser uma medida simples e eficaz de apoio à saúde mental e física em cenários de rotina estressante.
A expectativa é que, com mais investigações, protocolos de saúde pública e recomendações de bem-estar possam ser revisados para incorporar tais achados, beneficiando populações sob constantes demandas de estresse. O avanço desse campo poderá ampliar estratégias preventivas e terapêuticas para doenças vinculadas ao desbalanço da resposta ao estresse.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)