
Contexto da descoberta
A nova espécie foi identificada a partir de um crânio parcial encontrado na Formação Papo Seco, na costa sudoeste da Península de Setúbal. Com 37 cm de comprimento, trata-se do primeiro crânio de iguanodontiano descoberto em Portugal. O estudo sugere que, na transição do Jurássico para o Cretáceo, os iguanodontianos foram um dos grupos de dinossauros herbívoros que dominaram diversos ecossistemas.
“No final do Jurássico, os iguanodontianos eram limitados em diversidade de espécies e massa corporal, com o maior sendo o Camptosaurus” (“At the end of the Jurassic, iguanodontians were limited in species diversity and body mass, with the largest one being Camptosaurus.”) — Filippo Bertozzo, Paleontólogo, Instituto Real Belga de Ciências Naturais.
Métodos e resultados
Os paleontologistas utilizaram análises detalhadas, incluindo micro-CT scans, que permitiram examinar os nervos cranianos e o ouvido interno do Cariocecus bocagei. Essas técnicas revelaram características anatômicas não observadas em outras espécies de iguanodontianos, como a fusão completa do maxila e do osso jugal.
“Essa fusão não é uma anomalia aleatória. É uma característica verdadeiramente única — e, portanto, uma nova espécie” (“It’s not a random abnormality. This is a truly unique trait — and therefore a new species.”) — Filippo Bertozzo.
Implicações e próximos passos
A descoberta do Cariocecus bocagei não apenas amplia nosso entendimento sobre a evolução dos iguanodontianos, mas também sugere uma maior diversidade de espécies herbívoras na região do que se pensava anteriormente. Os pesquisadores notaram que a estrutura dos órgãos de equilíbrio e nervos auditivos do crânio pode oferecer pistas sobre como esses dinossauros se orientavam em seu habitat.
Os pesquisadores esperam que essa descoberta leve a uma exploração mais ampla da diversidade de dinossauros em ambientes cretáceos, especialmente na Bacia Lusitana. A pesquisa também levanta novas questões sobre os fatores ambientais que impulsionaram a diversidade de espécies de iguanodontianos durante o início do Cretáceo.
A evolução dos iguanodontianos, vista através do Cariocecus bocagei, teve um papel crucial na transição que levou à evolução de hadrossaurídeos mais sofisticados no Turoniano.
Fonte: sci.news– Ciência & Descobertas