
Boulder, Colorado — InkDesign News — Uma equipe de pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder revelou, em agosto, um novo método para inativar alérgenos presentes no ar utilizando luz ultravioleta de comprimento de onda seguro. O estudo, publicado na ACS ES&T Air, representa um avanço significativo para portadores de alergias e asma.
O Contexto da Pesquisa
A exposição a alérgenos transportados pelo ar — como ácaros, pelos e saliva de animais, bolor e pólen — representa há décadas um desafio para o controle de alergias e quadros de asma. Os métodos convencionais, como aspirar, lavar paredes e limpar animais domésticos, embora úteis, mostram-se de difícil manutenção e eficácia limitada ao longo do tempo, já que os alérgenos podem persistir em ambientes internos por meses.
“Depois que os ácaros do pó já se foram, o alérgeno permanece lá”
(“After those dust mites are long gone, the allergen is still there”)— Tess Eidem, Pesquisadora Sênior, Universidade do Colorado em Boulder
Ao contrário de microrganismos vivos, as proteínas alérgicas, como a Fel d1 de gatos, não podem ser “mortas”, pois não são vivas. A proposta do estudo consistiu em desnaturar (alterar a estrutura) dessas proteínas, tornado-as irreconhecíveis ao sistema imunológico humano.
Resultados e Metodologia
Os pesquisadores introduziram partículas microscópicas de alérgenos de ácaros, animais, mofo e pólen em uma câmara selada de 350 pés cúbicos. Foram utilizadas quatro lâmpadas UV222, instaladas no teto e no chão, emitindo luz ultravioleta de 222 nanômetros – considerada segura para ambientes ocupados.
A cada dez minutos, amostras de ar eram coletadas e submetidas a testes laboratoriais comparativos. Os resultados indicaram que, após apenas 30 minutos de exposição, os níveis de reconhecimento imunológico dos alérgenos caíram em média de 20% a 25%. Ou seja, os anticorpos não reagiam mais a diversas das proteínas tratados pela luz UV.
“Encontramos um modo de usar um tratamento passivo e geralmente seguro de luz ultravioleta para inativar rapidamente alérgenos em suspensão”
(“We have found that we can use a passive, generally safe ultraviolet light treatment to quickly inactivate airborne allergens”)— Tess Eidem, Pesquisadora Sênior, Universidade do Colorado em Boulder
Lâmpadas UV222 já estão disponíveis comercialmente, mas são usadas sobretudo em ambientes industriais para funções antimicrobianas.
Implicações e Próximos Passos
Os resultados sugerem que sistemas de luz UV222 portáteis poderiam ser desenvolvidos para aplicação doméstica, escolar ou em ambientes profissionais de maior risco, como fazendas e estufas. Isso representa um avanço promissor para prevenção de crises alérgicas e quadros de asma em populações sensíveis.
Eidem ressalta que inovações nessa linha poderiam, um dia, reduzir sobremaneira os casos de reações alérgicas fatais, atualmente responsáveis por cerca de 10 mortes diárias nos Estados Unidos.
O desafio imediato, segundo os autores, é ampliar estudos para ambientes ocupados e aprimorar a tecnologia para uso doméstico, atendendo normas de segurança quanto à produção de ozônio e exposição prolongada. A comunidade científica acompanha de perto os desdobramentos desse método, esperando que ele se consolide como ferramenta acessível de controle de alérgenos em escala global.
Fonte: (ScienceDaily – Ciência)