Londres — InkDesign News — Pesquisadores utilizando o Telescópio Espacial James Webb anunciaram, em 28 de agosto, a descoberta de misteriosos “grânulos escuros” na atmosfera de Saturno, posicionados acima de um padrão estelar assimétrico localizado próximo ao icônico vórtice hexagonal no polo norte do planeta. O estudo foi publicado na revista Geophysical Research Letters.
O Contexto da Pesquisa
O hexágono no polo norte de Saturno foi identificado pela primeira vez pela missão Voyager da NASA em 1980 e detalhado posteriormente pela sonda Cassini entre 2004 e 2017. Esta formação, uma corrente de jato atmosférica com 29.000 quilômetros de largura, representa um dos fenômenos meteorológicos mais enigmáticos do Sistema Solar. Cientistas especulam que gases e correntes atmosféricas intensas conferem ao hexágono sua estabilidade e forma, mas pouco se sabe sobre o comportamento das camadas superiores acima dessa estrutura, devido à emissão fraca de sinais vindos dessas regiões.
Resultados e Metodologia
A equipe internacional utilizou o espectrógrafo de infravermelho próximo (NIRSpec) do James Webb para observar as regiões superiores da atmosfera de Saturno, especificamente a ionosfera (a 1.100 km da superfície) e a estratosfera (a 600 km). Durante um período de 10 horas, o instrumento rastreou moléculas de hidrogênio carregadas (H3+) e metano, identificando padrões inéditos: grânulos escuros afastados, mas aparentemente interconectados na ionosfera, acompanhados de uma estrutura estelar assimétrica na estratosfera. Tais estruturas nunca haviam sido observadas em Saturno ou em outros planetas gigante gasosos.
“Os resultados vieram como uma completa surpresa. Essas características eram completamente inesperadas e, no momento, são totalmente inexplicáveis.”
(“The results came as a complete surprise. These features were completely unexpected and, at present, are completely unexplained.”)— Tom Stallard, Professor, Universidade de Northumbria
A pesquisa sugere uma interação complexa entre a magnetosfera de Saturno e sua atmosfera rotacional, possivelmente vinculada ao mecanismo que alimenta a aurora do planeta.
Implicações e Próximos Passos
A origem e o papel dos grânulos escuros permanecem em aberto, inclusive a hipótese de que estejam presentes apenas durante certos períodos, como o equinócio de Saturno, quando a iluminação solar incide de forma diferenciada. Observações adicionais com o James Webb deverão ser realizadas com o objetivo de compreender se tais estruturas se dissipam conforme Saturno se afasta do equinócio, ou se existem relações diretas entre os padrões na ionosfera e as anomalias registradas na estratosfera.
“Suspeitamos que os grânulos escuros possam resultar de interações complexas entre a magnetosfera de Saturno e sua atmosfera rotacional, potencialmente fornecendo novos insights sobre a troca de energia que impulsiona a aurora de Saturno.”
(“We think that the dark beads may result from complex interactions between Saturn’s magnetosphere and its rotating atmosphere, potentially providing new insights into the energy exchange that drives Saturn’s aurora.”)— Tom Stallard, Professor, Universidade de Northumbria
No cenário da exploração científica de Saturno, a inesperada descoberta destes grânulos e da estrela lopsided representa um desafio ao entendimento atual sobre dinâmicas atmosféricas de gigantes gasosos. Novas campanhas de observação, amparadas pela capacidade do James Webb de registrar fenômenos tênues, serão essenciais para elucidar as causas e consequências dessas estruturas e, potencialmente, revolucionar o estudo das atmosferas planetárias.
Fonte: (Live Science – Ciência)
